Dino garante que mandante da morte de Marielle será preso

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Foto: Reprodução/GloboNews

O ministro da Justiça, Flávio Dino, criticou nesta segunda-feira (24) o que chamou de “ideia de minimização” e “desqualificação” dos avanços anunciados na investigação do assassinato da então vereadora carioca Marielle Franco. Dino também negou eventual “interferência política” por parte do governo Lula na condução do caso.

Mais cedo, nesta segunda, Dino anunciou acordo de delação premiada com Élcio de Queiroz, preso preventivamente e réu por envolvimento no assassinato de Marielle e de seu motorista, Anderson Gomes.

Na delação, Élcio confessou envolvimento no atentado, confirmou participação do policial militar reformado Ronnie Lessa e indicou a participação do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, no crime.

A declaração e provas obtidas no inquérito embasaram operação desta segunda da Polícia Federal e do Ministério Público do Rio que prendeu Suel, já condenado por tentar atrapalhar as investigações.

Sem mencionar nomes, o ministro afirmou que, ao longo desta segunda, houve uma tentativa de reduzir os “passos dados” na apuração do crime.

“Houve hoje, infelizmente, uma ideia de minimização do passo dado. Houve uma tentativa de desqualificação do passo dado. Inclusive, por pessoas que se omitiram durante anos – por medo, por conveniência, por conivência – e que agora tentam desqualificar o que foi feito”, disse, em entrevista ao J10, da GloboNews.
O ministro classificou o avanço das investigações como “muito importante”. De acordo com ele, a apuração é uma prioridade da Polícia Federal e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Friso que essa investigação é uma prioridade do presidente Lula. É uma determinação do presidente Lula. Pela Marielle, pelos fatores políticos no sentido específico, mas, sobretudo, por essa compreensão que ela é uma investigação que tem um sentido mais amplo, mais largo”, afirmou.

Embora tenha sinalizado a apuração como “prioridade”, Flávio Dino negou que haja interferência política na condução do caso.

Segundo ele, a equipe responsável pela apuração na PF tem “independência técnica”.

“Ninguém vai fazer pirotecnia, ninguém vai fazer espetáculo, ninguém vai inventar provas”, disse.

“Friso: não são trabalhadas politicamente. Não há interferência política em conteúdo de investigação. Eu sequer conheço os delegados da investigação, mas há uma determinação – que me cabe hierarquicamente falando à luz do artigo 87 da Constituição – que essa investigação é prioridade. A Polícia Federal cumpriu essa determinação, os delegados têm independência técnica e estão apurando as provas”, acrescentou.

Em 2023, o atentado a Anderson e Marielle completou 5 anos. Inicialmente, a investigação foi conduzida por instituições do Rio de Janeiro. Em fevereiro deste ano, no entanto, o caso passou a contar com colaboração da PF.

No período anterior à colaboração da Polícia Federal, a Polícia Civil e o MP do Rio concluíram a primeira fase do inquérito.

A investigação fluminense prendeu e levou ao banco de réus o policial militar reformado Ronnie Lessa — acusado de ter feito os disparos — e o ex-PM Élcio de Queiroz — que estaria dirigindo o Cobalt prata que perseguiu as vítimas.

Até esta segunda, ambos negavam participação no crime. Em delação premiada, no entanto, Élcio admitiu ter participado da execução.

Amigos, Ronnie e Élcio estão presos em penitenciárias federais de segurança máxima e serão julgados pelo Tribunal do Júri. O julgamento ainda não tem data marcada.

Inicialmente, ao ser questionado a respeito da demora na investigação do Rio, Dino não fazer avaliações. Ele agradeceu ao trabalho realizado pelas instituições nos últimos anos, mas afirmou que o “Tribunal da História vai apreciar o papel de cada um”.

“Eu não devo – não posso e não devo – fazer julgamentos sobre outras instituições. Pelo contrário, agradeço a todos, todos, rigorosamente todos, da esfera estadual e federal que até hoje atuaram nesse caso. Evidentemente, o ‘Tribunal da História’ vai apreciar o papel de cada um”, disse.
Pouco depois, ainda na entrevista, o ministro indicou, porém, que “não quiseram buscar” provas e indícios do crime nos últimos anos.

“É claro que essas provas e esses indícios, que estão hoje postos [pela PF], há cinco anos atrás eram muito mais densos. E não quiseram buscar”, afirmou.

Flávio Dino declarou, no entanto, que não está “na agenda do momento” procedimentos para apurar a condução do caso. Segundo ele, “talvez” não seja possível avançar com essa investigação.

“É algo que será uma outra perspectiva de investigação, que não está na agenda do momento. Talvez, até juridicamente, não seja possível essa investigação. Mas é uma pergunta historicamente válida porque ela é reveladora do ontem, do hoje e do amanhã.”
“Quando uma investigação avança, nós estamos também dando uma mensagem contra a impunidade. Portanto, também uma função preventiva”, completou.

Segundo Dino, não há, porém, “competição entre as instituições”.

O ministro da Justiça afirmou que a delação premiada firmada com Élcio possibilitará o avanço da investigação. Dino comparou o avanço à abertura de “avenidas” no inquérito.

Flávio Dino disse que, com essa nova fase, há “todas as condições” para que seja esclarecido o mandante do assassinato de Marielle Franco.

“O fato de termos a certeza de que alguém mandou já é um passo fundamental em relação ao que tinha antes. Não é uma certeza intuitiva, é uma certeza que emerge de provas concretas dos autos”, disse.

Questionado se havia um prazo para a conclusão das investigações, Dino disse ter fé de que o “tempo está próximo”.

“Eu tenho muita fé. Fé em Deus e na ciência. Lastreado em ambas dimensões da fé, eu posso afirmar a você que o tempo está próximo. Se são dias, semanas ou meses, saberemos todos juntos. Não há da minha parte nenhuma previsão objetiva a ser transmitida. Mas nós temos hoje indicações que estão sendo trabalhadas tecnicamente.”

G1