Omissão policial no caso Marielle é investigada

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Foto: Renan Olaz/CMRJ/TV Globo

O delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro Alexandre Herdy, que entrou na investigação do caso Marielle no ano passado, foi responsável pela prisão do PM aposentado Edmilson da Silva Oliveira, o Macalé, uma década atrás, em dezembro de 2012. Uma BMW apreendida no momento da prisão foi dada como desaparecida.

Macalé era considerado um suspeito-chave na investigação da morte de Marielle Franco, pois ele teria sido o responsável por contratar os executores da vereadora e do motorista Anderson Gomes, segundo a delação premiada do ex-PM Élcio de Queiroz. No entanto, Macalé foi executado a tiros em novembro de 2021.

Em dezembro de 2012, o delegado Alexandre Herdy participou da prisão de Macalé pelo homicídio de um jovem de 19 anos. Na época, o PM aposentado já era apontado como líder da milícia de Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro.

Além de prender Macalé preventivamente, cumprindo uma decisão judicial, a equipe da Polícia Civil comandada por Herdy apreendeu uma BMW preta, uma pistola 9 mm, carregadores, dezenas de munições e um taco de baseball.

“Lembro bem da prisão dele (Macalé) e sobre o encontro da arma. Estava dentro do carro, estacionado na garagem da casa dele”, recordou Herdy em mensagem ao Metrópoles.

Mais tarde, Macalé foi absolvido tanto pelo homicídio quanto pelo porte ilegal de arma. O Judiciário determinou o retorno da BMW para o proprietário, mas o veículo, avaliado na época em R$ 60 mil, teria desaparecido de dentro do pátio da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis.

Alexandre Herdy assinou um “auto de entrega”, documento que comprovaria a entrega da BMW em abril de 2014. A empresária Mônica Guimarães Carvalho, proprietária da BMW apreendida com Macalé, também assinou esse documento, além de duas testemunhas. No entanto, ela disse que, apesar de assinar o auto de entrega, não pegou a BMW de volta, pois o veículo teria sumido do estacionamento da polícia.

arte fac simile do auto de entrega de BMW do Macalé para Mônica apreendida pela Policia Civil do Rio - Metrópoles

Mônica chegou a entrar na Justiça pedindo indenização pelo sumiço de sua BMW. O caso ainda tramita no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

Embora Mônica seja a proprietária oficial da BMW, quem a representava no processo judicial pela indenização era o próprio Edmilson Macalé, que tinha uma procuração no nome dela.

“Depois desse documento assinado na delegacia, eles foram até o pátio e o carro não estava lá”, explicou ao Metrópoles o advogado Bruno Rodrigues, que representa Mônica e Macalé.

O advogado continua a se manifestar no processo da indenização pela BMW sumida, mesmo depois do assassinato de Macalé.

Bruno pede que sejam realizadas oitivas com os dois policiais civis que assinam o “auto de entrega” da BMW, entre eles Alexandre Herdy. A defesa de Macalé e Mônica alega que Herdy poderia comprovar que não foi realizada a entrega do veículo.

Procurado pela reportagem, o delegado Alexandre Herdy disse que não se recorda se a BMW foi realmente entregue no momento da assinatura do documento.

“O carro (BMW) ficou apreendido um tempo na sede da Divisão de Homicídios e depois foi encaminhado para um pátio da Delegacia de Roubos e Furtos em Irajá. (…). Tem que pesquisar mais sobre. Enfim, há várias assinaturas no documento testemunhando o ato (de entrega da BMW)”, disse o delegado.

Sobre a investigação do caso Marielle, que Herdy comandou durante o ano passado, o delegado preferiu não comentar. “Não podemos comentar. Há sigilo judicial e a investigação ainda está em andamento.” Herdy foi o quinto delegado da Polícia Civil a assumir o caso Marielle, em março de 2022. A Polícia Federal entrou no caso neste ano, em trabalho conjunto com a polícia e o Ministério Público estaduais.

A reportagem pediu posicionamento da Polícia Civil sobre o suposto sumiço da BMW de Macalé, e aguarda um retorno. E tenta contato com Mônica.

Metrópoles