Pandemia de Aids pode acabar após quase meio século

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Foto: iStock/Getty Images

Iniciada nos anos 80, a pandemia da Aids pode chegar ao fim até 2030, se os países e lideranças fizerem uma escolha política e financeira. Esta é a conclusão de um novo relatório divulgado nesta quinta-feira, 13, pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids). O levantamento expõe dados e estudos de casos sobre a situação da doença no mundo atualmente. Também aponta quais os caminhos para acabar com a epidemia de Aids nesse período. Segundo a entidade, essa meta ajudará o planeta a estar bem preparado para enfrentar futuras pandemias e a avançar no progresso em direção à conquista dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Forte Liderança O relatório destaca ainda que as respostas ao HIV têm sucesso quando estão baseadas em uma forte liderança política. “O fim da Aids é uma oportunidade para as lideranças de hoje deixarem um legado extraordinariamente poderoso para o futuro”, defende Winnie Byanyima, Diretora Executiva do UNAIDS. “Essas lideranças podem ser lembradas pelas gerações futuras como aquelas que puseram fim à pandemia mais mortal do mundo”. De acordo com a UNAIDS, isso significa respeitar a ciência, dados e evidências; enfrentar as desigualdades que impedem o progresso na resposta ao HIV e outras pandemias; fortalecer as comunidades e as organizações da sociedade civil em seu papel vital na resposta; e garantir financiamento suficiente e sustentável. Metas 95-95-95 Países como Botsuana, Essuatíni, Ruanda, a República Unida da Tanzânia e Zimbábue já alcançaram as metas “95-95-95”, o que significa 95% das pessoas que vivem com HIV conhecem seu status sorológico; 95% das pessoas que sabem que vivem com HIV estão em tratamento antirretroviral, que salva vidas; e 95% das pessoas em tratamento estão com a carga viral suprimida. Outros 16 países, oito dos quais na África subsaariana, região que representa 65% de todas as pessoas vivendo com HIV, também estão próximos de alcançar essas metas. No Brasil O Brasil, por sua vez, também está no caminho de atingir, respectivamente, 88-83-95. Mas o país ainda enfrenta obstáculos, causados especialmente pelas desigualdades sociais, que impedem que pessoas e grupos em situação de vulnerabilidade tenham acesso aos recursos de prevenção e tratamento do HIV que salvam vidas. “Assistimos o movimento em casas legislativas municipais, estaduais e até mesmo no Congresso, para apresentar legislações criminalizadoras e punitivas que afetam diretamente a comunidade LGBTQIA+, especialmente pessoas trans”, alerta Ariadne Ribeiro Ferreira, oficial de Igualdades e Direitos do UNAIDS Brasil. “Este movimento soma-se às desigualdades, aumentando o estigma e discriminação de determinadas populações e pode contribuir para impedir o Brasil de alcançar as metas de acabar com a Aids até 2030.” Números da AIDS O número de novas infecções pelo HIV no mundo caiu 59% desde o pico em 1995. Em 2022, foram registrados cerca de 1,3 milhão de casos, em comparação com 3,2 milhões naquele ano. Desde 2010, o contágio diminuiu 38%, passando de 2,1 milhões para 1,3 milhão, no ano passado. Os casos em crianças apresentaram queda de 58%, de 310 mil em 2010 para 130 mil em 2022. Mesmo assim, no ano passado, a cada minuto, uma pessoa morreu em decorrência da Aids. Na América Latina, o número de mortes diminuiu 32% desde 2010, mas o indíce anual de novas infecções aumentou 8%. Ao menos dez países latino-americanos registraram aumento de casos nos últimos 12 anos. Cerca de 9,2 milhões de pessoas ainda não têm acesso ao tratamento, incluindo 660 mil crianças vivendo com HIV. Mulheres e meninas ainda são desproporcionalmente afetadas, especialmente na África subsaariana.

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