PP exige que Lula entregue Bolsa Família

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Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Em meio às negociações em torno da minirreforma ministerial prevista para agosto, integrantes do governo e lideranças do Centrão intensificaram a troca de recados para tentar avançar em um novo desenho para a Esplanada dos Ministérios. Os impasses podem determinar, na avaliação de expoentes do grupo político do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o atraso na dança das cadeiras do primeiro escalão. Diante das movimentações do entorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para entregar um Ministério do Desenvolvimento Social mais esvaziado ao bloco, o PP fez chegar ao Palácio do Planalto o recado de que só aceitará a pasta “com o pacote completo”, mantendo entre suas prerrogativas a coordenação do Bolsa Família. Se essa alternativa não for viável, o partido espera ser contemplado com um espaço “com a mesma robustez”. “Pneu vazio não anda”, explicou uma liderança do PP ao ser indagada se a legenda aceitaria assumir um MDS esvaziado. A resistência do Palácio do Planalto em entregar a pasta com a estrutura que está hoje, sob o comando de Wellington Dias (PT), também sustenta o sentimento de que o governo “confia desconfiando do Centrão”. Segundo apurou o Valor, caso o esvaziamento do MDS se confirme, ainda não está claro onde os programas seriam acomodados, mas Fazenda, Casa Civil e Mulheres seriam algumas alternativas consideradas. Este último, aliás, também pode passar por mudanças, com a possível substituição de Cida Gonçalves por Luciana Santos, hoje no Ministério de Ciência e Tecnologia. Se Mulheres receber novas atribuições e ficar uma pasta mais robusta, poderia ficar mais fácil a transferência da dirigente do PCdoB sem que a aliada se sentisse desprestigiada. Ainda que os nomes de André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), escolhidos pelas siglas como prováveis representantes na equipe ministerial, tenham sido bem recebidos, os auxiliares de Lula reforçam que a palavra final sobre os cargos que serão ocupados pelos parlamentares é do presidente. Além da possibilidade de tirar atribuições do MDS antes de oferecê-lo ao bloco, uma ala do governo defende que a pasta deveria ser oferecida a Costa Filho, que, apesar de ser do Republicanos, é mais próximo de Lula do que Fufuca. Nessa configuração, a pasta a ser oferecida ao líder do PP na Câmara seria ainda menos robusta, cenário que não agrada a Lira e seus correligionários. Apesar das indefinições, Lula deve conversar ainda hoje com o presidente da Câmara para apresentar os desenhos da Esplanada que estão em estudo. No encontro, Lira passará suas impressões sobre as sugestões. Uma nova reunião, envolvendo líderes partidários, deve ocorrer no início da próxima semana, caso os impasses sejam superados. Ainda nesse campo de possibilidades, um cargo de segundo escalão importante pode ficar vago nas próximas semanas. Está em estudo a migração de Miriam Belchior, hoje na secretaria-executiva da Casa Civil, para o comando da Caixa. Ela entraria no lugar de Rita Serrano, que vem sendo criticada. Miriam Belchior só deixaria a pasta de Rui Costa após o lançamento do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o que deve ocorrer em agosto. Nessa quinta-feira, o governo nomeou Alexandre Ribeiro Motta para exercer, interinamente, o cargo de presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), cargo que também está na mira do Centrão. Ribeiro deve permanecer no posto até que o bloco político comandado por Lira apresente um nome de “consenso” para comandar a estrutura. Sem conseguir emplacar um nome para o comando do Ministério da Saúde no lugar de Nísia Trindade, a Funasa foi incluída na lista de desejos do Centrão.

Valor Econômico