Tebet defende escolha de Lula para o IBGE

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Foto: Diogo Zacarias/MF

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, passou por uma saia justa, nesta quinta-feira, para explicar o porquê de ter que engolir o nome do economista Marcio Pochmann à presidência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para além da polêmica em torno dos vínculos ideológicos dele, repercutiu mal em Brasília a forma como foi feito o anúncio, sem que a titular da pasta à qual a instituição está submetida tomasse conhecimento.

“O presidente Lula não me fez um pedido até hoje, nenhum pedido dentro do ministério ou fora. Aliás, ele não me pediu sequer para apoiá-lo no segundo turno”, disse a ministra, para justificar que aceitará Pochmann em sua equipe. “Diante disso, nada mais justo, óbvio, que atender ao presidente Lula, independentemente do nome que ele apresentaria, que ele ainda não havia me apresentado.”

O anúncio da nomeação do economista, que atualmente preside o Instituto Lula, havia sido feito na quarta-feira pelo ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta. Ao ficar sabendo, pela imprensa, Tebet telefonou para os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

“Confirmei com a Casa Civil, confirmei com o ministro (Alexandre) Padilha se era o nome o qual eles estavam mencionando (na reunião). Eles confirmaram que sim. Agora, o próximo passo é, na semana que vem, marcar uma reunião com o economista e professor da Unicamp Marcio Pochmann”, relatou Tebet.

Padilha, acompanhando pela internet os esclarecimentos da ministra aos jornalistas, foi às redes sociais e contemporizou: “Parabéns, ministra Simone Tebet. Tenho acompanhado toda a sua correção neste episódio. Mais uma vez, nossa colega mostrando a seriedade e a firmeza na condução do Ministério do Planejamento”.

Tebet se recusou a comentar a repercussão que a indicação causou no meio político e no mercado. “Não faço prejulgamentos. Portanto, não vou atender a nenhum questionamento que me façam. Eu já fui muito prejulgada na minha vida profissional. Eu vou ouvi-lo primeiro”, ressaltou. “Tem um lado que tem falado bem. Outro lado que tem feito questionamentos. Eu não quero saber do passado, eu quero saber do presente”, acrescentou a ministra, ao enfatizar que a conversa que terá com Pochmann, antes de empossá-lo, será técnica.

Antes de comandar o Instituto Lula, Pochmann foi presidente da Fundação Perseu Abramo. No primeiro governo do petista, ficou à frente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Por causa desse vínculo estreito com a ideologia de esquerda, a indicação dele foi recebida de forma ácida por economistas mais ortodoxos.

Edmar Bacha, que já presidiu o IBGE e ajudou Tebet a formular a sua política econômica, se disse “inconformado” e qualificou como “desastrosa” a passagem de Pochmann pelo Ipea.

“Lula se recusa a aprender com os próprios erros e nomeia Marcio Pochmann para a presidência do IBGE. Além das ideias retrógradas, Pochmann fez uma desastrosa gestão no Ipea”, comentou, também nas redes sociais, o ex-presidente do Novo João Amoedo.

O IBGE é o órgão responsável por apurar importantes indicadores econômicos e sociais, como o Produto Interno Bruto (PIB), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e o Censo geográfico. Os críticos temem que haja manipulação dos dados para atender a interesses ideológicos do governo petista.

O presidente do Conselho Federal de Economia (Confecon), Paulo Dantas, fez uma enfática defesa de Pochmann. “O Confecon não tem nada a ver com iniciativa de qualquer governo, mas entende que essa iniciativa, na medida em que prestigia esse ilustre economista Marcio Pochmann, vem ao encontro da nossa aprovação e do nosso agrado”, frisou Dantas, na abertura do seminário Políticas de Estabilização.

“Me incomoda quando vejo informações falseadas colocadas na imprensa. A gestão do professor foi muito diferenciada no Ipea. Basta ver a elevação da produção no Ipea após a gestão de Pochmann”, completou o presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-DF), José Luiz Pagnussat. Segundo ele, “existe no Brasil uma perseguição a economistas com visões mais desenvolvimentistas”.

Correio Braziliense