Zé Celso Martinez morre após incêndio em casa

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Foto: Ivan Pacheco/Reprodução

Morreu nesta quinta-feira, 6, o diretor Zé Celso, fundador do Teatro Oficina, aos 86 anos, em São Paulo. Um incêndio — supostamente causado por um curto-circuito no ar-condicionado ou no aquecedor — em seu apartamento localizado no bairro Paraíso, centro da capital paulista, deixou o ator com 40% do corpo queimado e em estado delicado na terça-feira, 4. Ele estava internado no Hospital das Clínicas, na zona oeste da cidade. O incidente ainda será investigado. Celso deixa o marido, Marcelo Drummond, de 60 anos — estavam juntos desde 1987, mas oficializaram a união somente no início do mês passado — e o cãozinho de estimação, Nagô. José Celso Martinez Corrêa nasceu em Araraquara, interior de São Paulo, em 30 de março de 1937. Um dos maiores dramaturgos do Brasil, se tornou também um dos maiores nomes da cultura brasileira ao fundar o Teatro Oficina junto a Amir Haddad, Renato Borghi, Etty Fraser, Fauzi Arap e Ronaldo Daniel na capital paulista. A companhia está em atividade desde 1958, é localizada na Rua Jaceguai, 520, na Bela Vista, e é responsável por inventar uma linguagem teatral embebida em “pulsão dionísiaca” — termo cunhado por Zé Celso –, além de ter sido uma das maiores organizações a afrontar a ditadura militar no país. Em 1974, Zé Celso foi detido e exilado pela ditadura militar brasileira, sendo obrigado a morar em Portugal. Retornou ao Brasil cinco anos depois. O Oficina também se destaca por suas peças repletas de atores nus, contestando normas padrões de todo tipo. Na juventude, Zé Celso, que se interessava pela arte desde criança, precisou prestar vestibular para Direito devido à pressão dos pais de classe média. Morando em São Paulo, entretanto, conseguiu seguir seus instintos e logo começou a estudar atuação ao fundar o Oficina em meio a reuniões do Centro Acadêmico 11 de Agosto da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Ao longo de quase sete décadas de carreira, o artista se tornou referência de colegas e amigos, como Fernanda Montenegro, Fernanda Torres, Julia Lemmertz, Alexandre Borges, Bárbara Paz, entre outros. Zé Celso encenou duas peças de sua autoria: Vento forte para papagaio subir (1958) e A incubadeira (1959). Em 1963, montou Os pequenos burgueses, de Máximo Górki, grande sucesso de crítica. Em 1967, após um incêndio no Teatro Oficina e sua reformulação como palco italiano, o dramaturgo realizou a montagem de O rei da vela, de Oswald de Andrade, um marco histórico de grande influência para a década de 1960, que consagrou o diretor como um dos pais do Tropicalismo. No ano seguinte, dirigiu Roda-viva, de Chico Buarque, no Rio, sua primeira experiência fora do Oficina. Entre 2018 e 2020, Zé Celso e o Teatro Oficina viveram um duro impasse com Silvio Santos, que tentava construir prédios ao redor do teatro no bairro do Bixiga. Em entrevista a VEJA em 2017, o diretor chamava o dono do SBT de “mesquinho”.

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