Bolsonarista alvo da PF insinua ameaça

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Foto: Ruber Couto/Assembleia Legislativa de Goiás

Um dia após a Polícia Federal deflagrar nova fase da Operação Lesa Pátria, que realizou mandados de busca e apreensão contra o deputado estadual Amauri Ribeiro (União Brasil-GO), o perfil do parlamentar fez duas publicações no Instagram. Ontem, o celular do parlamentar foi apreendido pela corporação e, de acordo com a defesa, ainda não foi devolvido.

Amauri Ribeiro é ex-prefeito de Piracanjuba, no interior de Goiás e, segundo a PF, a 15ª fase da Lesa Pátria investiga os crimes de “abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido e crimes da lei de terrorismo”.

As ações foram autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A PF vasculhou endereços ligados ao parlamentar em Goiânia e Piracanjuba.

Um dia após a operação, o perfil de Amauri Ribeiro no Instagram fez duas postagens. A primeira traz uma mensagem: ‘Olhe para cima, que é de lá que vem tua força!’. Na segunda publicação, Amauri Ribeiro publica o discurso do parlamentar Fred Rodrigues (Democracia Cristã), em que o colega da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) diz que o caso é “perseguição política”. Nas postagens, Ribeiro usa sempre o bordão “Tá dado o recado!”.

Ontem, após a operação da Polícia Federal, o advogado Demóstenes Torres, que defende o parlamentar, informou que “pedirá acesso aos autos que originaram a medida cautelar de busca e apreensão”. O parlamentar prestou depoimento à PF na tarde desta terça-feira e “continuará ao dispor para qualquer outro esclarecimento”, segundo a defesa. Ainda segundo Torres, o celular só será devolvido “depois de periciado”.

Em junho deste ano, Ribeiro fez um discurso na Alego no qual admitia ter ajudado financeiramente o acampamento e que, por essa lógica, “também deveria estar preso”. Em sua fala, ele defendia a liberdade do coronel Benito Franco, preso pela PF durante outra fase da Lesa Pátria. O policial militar, que comandou a Rotam entre janeiro de 2019 e agosto de 2021, foi liberado dois meses depois.

— A prisão do coronel Franco é um tapa na cara de cada cidadão de bem neste estado. Foi preso sem motivo algum, sem ter feito nada. Eu também deveria estar preso. Eu ajudei a bancar quem estava lá. Pode me prender, eu sou um bandido, eu sou um terrorista, eu sou um canalha, na visão de vocês. Eu ajudei, levei comida, levei água e dei dinheiro — disse Ribeiro, no plenário.

Após a repercussão negativa das declarações, o parlamentar recuou e disse que as suas falas foram “retiradas de contexto com o claro e evidente objetivo de associar sua imagem aos atos criminosos que aconteceram em Brasília”. Na visão dele, o acampamento golpista não tinha relação com as invasões e depredações de 8 de janeiro, das quais ele disse discordar.

Em uma entrevista à Rádio Bandeirantes, ele afirmou que “não seria idiota de falar um absurdo desses”.

Ribeiro tem uma trajetória política marcada por polêmicas. Em 2019, Amauri viralizou nas redes sociais ao tomar posse com a mulher sentada no seu colo. Quando era vereador, partiu para cima de um colega da oposição que tinha deficiência física porque discordou de sua fala, que denunciava funcionários-fantasmas na prefeitura. Em outra ocasião, agrediu um homem numa obra, quando soube que a “peãozada” não estava recebendo. No meio do mandato de prefeito, ele ainda deu uma surra na filha de 16 anos — que denunciou o caso à polícia — ao flagrar no celular dela fotos íntimas do namorado.

O Globo