Bolsonaristas acordam e querem incendiar 7 de setembro

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Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

A gigantesca rede de comunicação virtual mobilizada pela direita conservadora para a eleição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em 2018, e durante seu governo vinha desanimando nos primeiros meses da gestão Lula. Contudo, ganhou fôlego nos últimos dias e tenta reagir diante do aperto do cerco judicial ao ex-presidente.

As redes bolsonaristas em plataformas como WhatsApp, Facebook e Twitter, que já vinham desaquecidas, sentiram bastante quando as denúncias mais recentes envolvendo Bolsonaro eclodiram, desde o início de agosto, com o caso da venda e recompra das joias sauditas nos Estados Unidos e o depoimento de Walter Delgatti, o “hacker da Vaza Jato”, na CPMI dos atos golpistas.

Aliados políticos, influenciadores digitais e mesmo participantes anônimos em fóruns de direita reduziram a militância digital em um primeiro momento.

Pouco mais de duas semanas depois, porém, com a possibilidade de prisão de Bolsonaro sendo discutida nas ruas, na internet e na TV, a base de apoio do ex-presidente começa a reagir. Grupos em aplicativos de troca de mensagens que a reportagem acompanha desde a gestão Bolsonaro saíram de um período de apatia e passaram a receber mais participantes e a se movimentar com a defesa do ex-presidente e os ataques aos adversários, principalmente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Esse novo esforço nas redes bolsonaristas inclui até a convocação de manifestações pelo Brasil no próximo dia 7 de Setembro, algo que o ex-presidente até agora não veio a público apoiar.

Apesar do aumento do foco sobre Bolsonaro, com seguidos acontecimentos negativos, como a apreensão dos celulares de seu advogado, Frederick Wassef, nem a Polícia Federal nem a Procuradoria-Geral da República (PGR) indicam a possibilidade de pedir à Justiça a prisão do ex-presidente. Além disso, alguns juristas no debate público avaliam que ainda não há elementos para isso no momento.

Mesmo assim, políticos e militantes de esquerda batem cada vez mais na tecla da possibilidade dessa prisão, e mesmo ministros do governo Lula, como Simone Tebet (Planejamento), cobram publicamente medidas judiciais contra Bolsonaro, como a apreensão de passaporte.

A militância bolsonarista partiu para a defesa do ex-presidente, além de ter voltado a subir o tom contra o Poder Judiciário. Como a reação das redes bolsonaristas ainda está em retomada, há certa bateção de cabeça em alguns momentos. Sobre a situação da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), por exemplo, não há consenso. Ela está mais enrolada na questão da contratação de Delgatti, e muitos militantes a atacam, acusando-a de prejudicar Bolsonaro.

Figura fundamental da estratégia virtual de Bolsonaro, seu filho Carlos tentou organizar a atuação dos apoiadores do ex-presidente com postagens no último fim de semana. “Parem com esse negócio de prisão. Parecem aqueles caras que amam viver a síndrome de Estocolmo”, escreveu Carlos, dirigindo-se a seus aliados.

“Não é desse jeito que se luta. Os canalhas estão carecas de saber disso e estão utilizando sua psique para você validar algo que querem”, complementou ele, que também criticou supostos aliados que estariam “correndo atrás de cliques ou lacrações para se sentir importante validando a dor que o adversário sente prazer em fazer você sofrer”.

A missão de juntar forças em torno de Bolsonaro está sendo seguida tanto por militantes com mais ou menos fama nas redes quanto por apoiadores que são políticos profissionais. É o caso do ex-deputado federal Major Vítor Hugo (PL-GO), que foi líder do governo de Bolsonaro na Câmara, e, ao fazer postagem de apoio ao ex-presidente neste início de semana, admitiu que são tempos difíceis.

“Nesse momento de pressão e tensão, quero reforçar minha confiança no capitão. Sei do coração puro e das mais sinceras intenções de fazer nosso país avançar em pautas tão difíceis como o fortalecimento da democracia verdadeira em que o cidadão possa duvidar de tudo e o dever do Estado seja ganhar a sua confiança e não recriminá-lo por não acreditar”, escreveu ele.

O próprio Jair Bolsonaro, em evento em que foi homenageado na semana passada em Goiás, disse que sabe estar correndo riscos em solo brasileiro.

Metrópoles