Bolsonaro informou e-mail de Cid ao abrir conta nos EUA

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Foto: Alan Santos/PR/Divulgação

O então presidente Jair Bolsonaro forneceu o e-mail de Mauro Cid ao preencher dados para abrir uma conta no BB Americas, braço do Banco do Brasil nos Estados Unidos. Em 21 de dezembro do ano passado, o procedimento para a abertura da conta foi concluído. E, no dia seguinte, tanto Bolsonaro quanto o seu ajudante de ordens solicitaram transferir valores para os EUA.

Necessário para a abertura da conta, o documento no qual Bolsonaro colocou o e-mail de Cid data de 4 de dezembro de 2022. Nele, o ex-presidente incluiu sua própria assinatura e, no campo endereço eletrônico, escreveu manualmente: maurocid@*****.com.

Com isso, Cid teve acesso irrestrito às informações da conta que seria aberta por Bolsonaro. Como, por exemplo, extratos bancários, contratos, acordos de transferências de fundos, avisos transacionais e “qualquer outra informação relacionada à conta”.

A conta de Bolsonaro no BB Americas foi aberta em 21 de dezembro de 2022. Um dia depois, tanto Cid quanto o então presidente solicitaram ao Banco do Brasil o envio de dinheiro para os Estados Unidos.

Ambos indicaram contas de suas respectivas titularidades no BB Americas. Como noticiou a coluna, Bolsonaro chegou a ter US$ 135 mil nessa conta, que foi encerrada por questões de compliance.

A indicação do e-mail de Cid por Bolsonaro e o fato de o ex-ajudante de ordens solicitar transferência ao exterior, um dia após a abertura da conta do ex-presidente, chamaram a atenção de investigadores da Polícia Federal.

Ainda que a movimentação original de Cid tenha sido para a sua própria conta, a coincidência de datas reforça a suspeita da existência de elo financeiro entre Bolsonaro e o tenente-coronel.

Investigadores da PF apuram se Cid repassou dinheiro vivo ao ex-presidente como parte de um suposto esquema de venda de presentes recebidos quando Bolsonaro era chefe de Estado.

Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) mostrou que Cid movimentou R$ 3,2 milhões em sete meses.

Em relação ao cerco da PF, a defesa de Bolsonaro se manifestou no começo do mês.

“A defesa do Presidente Jair Bolsonaro, voluntariamente e sem que houvesse sido instada, peticionou junto ao TCU — ainda em meados de março, p.p. — requerendo o depósito dos itens naquela Corte, até final decisão sobre seu tratamento, o que de fato foi feito.

O Presidente Bolsonaro reitera que jamais se apropriou ou desviou quaisquer bens públicos, colocando à disposição do Poder Judiciário sua movimentação bancária.”

Posteriormente, a defesa de Bolsonaro também passou a citar uma portaria da Presidência da República, de 2018, para sustentar que o ex-presidente poderia permanecer com os presentes por serem itens “personalíssimos”.

Metrópoles