Mortes negadas por Tarcísio já chegam a 19

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Foto: Josué Emidio / Governo do Estado de SP

Caiu a máscara do governante moderno, sensato e moderado Tarcísio de Freitas, 48 anos, militar da reserva, engenheiro civil, que deixou o serviço militar em 2008 no posto de capitão.

De 2019 a março de 2022, ele serviu ao governo do ex-capitão Bolsonaro como ministro da Infraestrutura. Elegeu-se no ano passado governador de São Paulo pelo partido Republicanos.

Desentendeu-se com Bolsonaro por apoiar a reforma tributária do governo Lula. Alvo de pesadas críticas do ex-presidente tornado inelegível pela Justiça, apressou-se em fazer as pazes com ele.

Confrontado com a “Chacina do Guarujá”, obra da Polícia Militar que tirou a vida de mais de 10 moradores do lugar, podendo chegar a 19, Tarcísio deixou que vissem uma parte da face que escondia.

“Não houve excesso”, disse ele em defesa dos 600 policiais que invadiram uma área pobre e favelada do Guarujá para vingar a morte do soldado Patrick Reis, da Rota, força de elite da PM.

“Não tem nada disso”, insistiu Tarcísio, que se declarou “extremamente satisfeito com a ação policial” e “extremamente triste porque nada vai trazer de volta um pai de família”.

Patrick Reis era pai de família. É improvável que os demais mortos à bala no Guarujá fossem solteiros. E se fossem? Nada trará de volta a vida deles, e Tarcísio deveria estar igualmente triste.

Motivos para tristeza não faltam aos paulistas. Nos primeiros sete meses de governo Tarcísio, os casos de estupros no estado aumentaram 15,5% em relação ao mesmo período de 2022.

Foram 7.089 casos, o maior número da série histórica iniciada em 2001. Na capital, a alta foi de 26%. Os furtos cresceram 2,8% no estado e 6,9% na capital.

Sem nenhuma explicação até hoje, os dados sobre extorsão mediante sequestro no estado e na capital desapareceram da plataforma da Secretaria de Segurança Pública.

O suspeito de ter matado o soldado Patrick Reis entregou-se à polícia. Ele nega a autoria do homicídio e diz que se entregou para evitar mortes de inocentes, alguns deles torturados e executados.

O secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, chamou de “narrativa” os relatos de abusos policiais. “Nós reagimos na mesma proporção com que eles atacam as polícias”, disse ele.

Na guerra da Ucrânia já houve 27 mil assassinatos. O Brasil comemora a queda recente do número de mortes violentas. Eram 60 mil por ano, agora 40 mil. Louve-se a polícia por isso? Não.

Assassinatos e repressão policial atrapalham as demais atividades lucrativas do crime organizado que funciona como empresa. Os chefões do crime sabem disso. Nada de pessoal, só negócios.

Metrópoles