Presidente da Petrobras repete discurso bolsonarista

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Foto: Lula Marques/Agência Brasil

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou, ontem, que a estatal fará “quantos reajustes forem necessários” nos preços dos combustíveis. Em audiência pública conjunta das comissões de Serviços de Infraestrutura e de Desenvolvimento Regional do Senado, ele foi cobrado pelo reajuste da gasolina em 16,3% e do diesel, em 25,8% — anunciados na terça-feira.

“O presidente Lula nunca prometeu que não haveria aumento de combustível no país”, justificou.

Prates salientou que a promessa do governo em relação ao preço dos combustíveis, durante a campanha eleitoral, era trazer uma política que pudesse controlar a volatilidade no mercado, bem como um avanço na eficiência do processo de precificação, o que se traduziu no discurso de “abrasileirar os preços” — ou seja, decidir os valores dos combustíveis considerando a realidade operacional no país, algo que não acontecia antes, conforme observou.

Segundo o presidente da estatal, não há “perda de dinheiro” com a nova política de preços, em vigor desde maio. “Não adianta dizer que a Petrobras, ontem (terça-feira), ajustou e, mesmo assim, ficou defasada. Esse preço de referência não é o que pratica e não são os preços que (a empresa) precisa praticar para ter lucro”, observou.

Ele afirmou que o atual modelo usado de formação de preço dos combustíveis envolve mais de 40 mil variáveis, que permitem fazer simulações de “qual é o melhor modal, o melhor óleo para colocar na refinaria mais próxima, a quantidade certa para gerar o produto e qual o melhor caminho para chegar a qualquer lugar do país”. “Igualar-se ao preço do importador é se igualar ao preço do concorrente mais ineficiente que você tem”, ressaltou.

O presidente da estatal reforçou que não há interferência do governo federal para segurar ou reajustar os valores dos combustíveis. Prates afirmou que conversa regularmente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que os diálogos não dizem respeito aos preços.

Prates assegurou que “não há nenhum sinal de desabastecimento de diesel”. “Não há sinal nenhum da nossa parte, nossos controles”, disse, acrescentando que, com o reajuste, haveria menos razões ainda para temer a falta do combustível. “Tem menos razão ainda para ter gente represando diesel ou tendo algum problema de desabastecimento”, explicou.

Na oitiva, o presidente da Petrobras defendeu também a possibilidade de explorar petróleo na foz do Rio Amazonas — operação que não foi autorizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Prates classificou a extração como um “paradoxo necessário”.

“Vamos furar lá, no fundo do mar, tirar talvez o último petróleo do mundo, para pagar, compensar e estruturar uma economia de floresta em pé. Do contrário, será por meio do dinheiro dos nossos impostos. É um paradoxo com o qual a gente vai ter de viver. A transição energética é uma metamorfose ambulante: produzir petróleo para faturar e pagar a transição energética”, ressaltou.

Correio Braziliense