Tarcísio acoberta PMs assassinos

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Foto: Divulgação/Rota

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) omitiu a participação de 13 policiais militares nos supostos confrontos que resultaram em 16 mortes durante a Operação Escudo, no litoral de São Paulo.

Em nota enviada ao Metrópoles na segunda-feira (7/8), a pasta comandada pelo secretário Guilherme Derrite afirmou que “16 policiais atuaram na Operação Escudo e estavam no confronto que resultou nas mortes”. A secretaria não informou em quais batalhões os policiais envolvidos atuam.

A reportagem teve acesso a 13 boletins de ocorrência, relacionados às mortes decorrentes dos supostos confrontos na Baixada Santista. Neles, aparecem os nomes de 29 PMs que afirmam, em depoimento, terem efetuado ao menos um disparo com suas armas nas abordagens letais.

Nem todos declararam a quantidade de tiros que efetuaram, mas, com base nos depoimentos prestados, o Metrópoles contabilizou ao menos 61 disparos, sendo 37 de pistolas e 24 de fuzis.

A Operação Escudo foi deflagrada no litoral paulista após o assassinato do soldado Patrick Bastos Reis, da Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), em 27 de julho. Na ocasião, um cabo da PM também foi ferido na mão, sem gravidade.

No dia seguinte ao homicídio do soldado da Rota, considerada a tropa de elite da PM, o Metrópoles mostrou que moradores do Guarujá temiam uma escalada de violência na cidade.

Como o Metrópoles mostrou, muitos dos 13 registros policiais aos quais a reportagem teve acesso apresentam inconsistências nos relatos feitos pelos PMs à Polícia Civil de São Paulo.

Há casos em que dois policiais contam versões diferentes sobre a mesma ocorrência ou, ainda, de suspeitos que foram baleados porque tentaram reagir mesmo quando já estavam caídos no chão após terem tomado tiros de fuzil.

Supostos tiroteios trocados a 2,5 metros de distância, ou com um homem que deixou o filho de 10 meses e correu para um beco para enfrentar a polícia, e uma troca de tiros com um rapaz identificado como indigente que portava um revólver calibre .38, engrossam a lista de incongruências.

Ao todo, policiais militares mataram 50 pessoas no estado de São Paulo em julho, mês marcado pelo início da Operação Escudo no litoral paulista.

O número de mortos por PMs no mês passado é 61% superior ao registrado em julho de 2022, com 31 óbitos, e o maior desde maio de 2021, mês que antecedeu a implementação das câmeras corporais em agentes da Rota.

Na segunda-feira (7/8), a PM afirmou que 10 das 16 mortes ocorridas na Baixada Santista durante a Operação Escudo envolviam policiais com câmeras. Entretanto, até o momento, imagens de apenas sete supostos confrontos tinham sido encaminhadas ao Ministério Público, que investiga os óbitos.

Segundo o coronel Pedro Lopes, representante da Secretaria da Segurança Pública, ao menos uma câmera estava com a bateria descarregada no momento da ação policial. Órgãos de defesa dos direitos humanos têm apontado excesso de violência por parte dos policiais.

Metrópoles