Transportador de jóias para Bolsonaro se chama Piquet

Destaque, Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Reprodução

Os presentes oficiais ao Estado brasileiro recebidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que foram levados para os Estados Unidos em voo da Força Aérea Brasileira (FAB), com objetivo de serem negociadas em leilão, tiveram a “ajuda” de um nome desconhecido na política brasileira, mas famoso no ramo imobiliário internacional: Cristiano Piquet.

O sobrenome pode até remeter ao tricampeão mundial de Fórmula 1 nos anos de 1981, 1983 e 1987, Nelson Piquet, mas para por aí. O Piquet da história que aparece em investigação da Polícia Federal contra uma “organização criminosa de peculato e lavagem de dinheiro” envolvendo Mauro Cid; o pai dele, Mauro Cesar Lourena Cid; o ex-advogado de Bolsonaro Frederick Wassef; e Osmar Crivelatti, é outro. Cristiano Piquet é corretor de imóveis para brasileiros nos Estados Unidos.

Dono da Piquet Realty, que, em seu site se descreve como “uma das agências mais respeitadas do sul da Flórida” e “líder imobiliário em Miami”, Cristiano tem o nome citado nas apurações da PF, não como investigado, mas como o homem que levou e guardou a mala com as joias e esculturas, posteriormente negociadas em sites de leilão pelo pai de Mauro Cid.

Mensagens identificadas em aplicativo de mensagem do celular de Mauro Cid indicaram que ele “estaria levando consigo uma mala específica que deveria ter como destino a casa de seu pai, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, na cidade de Miami/FL”.

Situação da mala e irmão de Michelle
No dia 1º de janeiro de 2023, Mauro Cid conversou com o assessor de Bolsonaro, Marcelo Câmara. Inicialmente, Câmara encaminha uma mensagem para Cid perguntando a “situação de uma mala”, que o “irmão da dona Michelle (Bolsonaro) teria falado”. Em resposta, Cid afirma que deixou a mala com o coronel Camarinha, médico do ex-presidente, e pede para Marcelo Câmara intermediar a entrega da mala para Cristiano Piquet.

Segundo a conversa, Piquet seria o responsável por levar a mala para Miami, onde, posteriormente, as investigações mostram que os presentes foram negociados.

“É, eu pensei de deixar com o Piquet pra ele descer pra Miami com esse material. Tinha como engrenar aí pra buscar com o coronel Camarinha essa mala e entregar pro Piquet, amanhã, meio-dia?”, diz Cid na conversa.

A partir dessa mensagem, a PF pesquisou em fontes abertas o nome de Piquet e verificou que seria um empresário do mercado imobiliário da região da Flórida.

Foi o empresário que auxiliou a equipe de servidores da presidência a locar e providenciar a adequação do imóvel para a estadia de Jair Bolsonaro, na cidade de Orlando, na Flórida, conforme dados constantes no material analisado. Bolsonaro ficou na casa por três meses. Câmara encaminha um áudio confirmando que a transação seria possível.

Ainda no dia 1º de janeiro de 2023, Cid conversa com Piquet e o empresário do ramo imobiliário diz ter visitado Bolsonaro em Orlando e pegado a mala, a pedido de Cid. Disse ainda que estaria levando o material para Miami.

No dia 2 de janeiro, Piquet publica um vídeo com Bolsonaro. A publicação no Instagram de Cristiano Piquet está fixada como das primeiras de seu perfil, com 188 mil seguidores. Na gravação, o corretor enaltece a gestão de Bolsonaro no Brasil e ambos aproveitam para ironizar o novo governo eleito em outubro de 2022.

Em 3 de janeiro, Mauro Cid conversa com o general da reserva do Exército Brasileiro Mauro Cesar Lourena Cid, que ocupava um cargo no escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), em Miami, desde 2019. O pai de Cid confirma: “Passei uma msg e ele deu o endereço, fica em Doral também (…)”, se referindo ao endereço de Cristiano Piquet.

Em seguida, Cid conversa com Piquet . O empresário confirma: “Estive com seu pai. Entreguei a mala para ele, né?”.

No dia 4 de janeiro, Mauro Cid diz a seu pai para não esquecer de tirar fotos e “ver se tem algum documento junto com as peças”. A partir daí, o pai dele tira as fotos, que constam no documento que embasou busca e apreensão, realizada nesta sexta-feira (11/8) contra os envolvidos.

A missão de fazer fotos das peças para vender foi cumprida pelo pai de Cid. Mensagens de celular obtidas pela Polícia Federal (PF) indicam que presentes recebidos pela Presidência da República, na gestão de Jair Bolsonaro (PL), foram negociados com lojas especializadas em ouro e metais preciosos em Miami.

O general Mauro César Lourena Cid, pai de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, é suspeito de ter negociado os presentes nos Estados Unidos. Entre os itens que compõem a investigação, há relógios, anéis e peças douradas nos formatos de um navio e de uma árvore.

Metrópoles