Além de racista, vereador pegava dinheiro de assessores

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Foto: André Bueno/CMSP

Camilo Cristófaro (Avante), vereador de São Paulo que teve o mandato cassado na última terça-feira (19) por falas racistas, é suspeito de envolvimento em um esquema de rachadinha. As informações foram divulgadas pelo Fantástico, neste domingo (24).

Cristófaro é investigado por lavagem de dinheiro e corrupção, segundo mostrou a reportagem

Ele teria movimentado R$ 730 mil em nove meses de 2020, de acordo com registros do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeira).

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O dinheiro era movimentado em depósitos e pagamentos feitos entre funcionários e Camilo.

Em depoimento à polícia, Cristófaro alegou que os pagamentos foram “de caráter pessoal”, de acordo com o Fantástico. A defesa do vereador cassado também informou que ele não cometeu crime.

Em 19 de setembro, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou a cassação de mandato do vereador Camilo Cristófaro.

O motivo da cassação foi uma fala racista de Cristófaro, em maio de 2022. “Eles arrumaram e não lavaram a calçada. É coisa de preto, né?”, disse ao participar de sessão na Câmara de forma remota. O vereador falava com um amigo e o áudio vazou para todos.

Foram 47 votos pela perda do mandato. Eram necessários 37 votos. A Câmara Municipal tem 55 vereadores. Apenas Cristófaro, Luana Alves (do PSOL, autora da denúncia) e Ely Teruel (Podemos) não votaram. Cinco vereadores se abstiveram: Abílio Francisco (Republicanos), Coronel Salles (PSD), Paulo Frange (PTB), Rute Costa (PSDB) e Sansão Pereira (Republicanos) Cristófaro é o primeiro vereador cassado em São Paulo por racismo e o terceiro caso de cassação em geral. Os outros dois foram Vicente Viscome e Maeli Vergniano, em 1999, no escândalo que ficou conhecido como Máfia dos Fiscais (esquema de corrupção que envolvia extorsão de camelôs e pedidos de pagamentos para a liberação de alvarás), durante a gestão do prefeito Celso Pitta (1997-2000). O que disse Cristófaro em sua defesa Eu nunca fui chamado de racista por qualquer canto que eu ando nessa cidade. O negro não é bobo, não. Ele sabe quem trabalha. Aqui ninguém está me julgando. Aqui estão me executando. Camilo Cristófaro, vereador pelo Avante, durante sua defesa hoje A defesa de Cristófaro afirmou que a fala dele não foi racista por não ter objetivo de ofender. Para o advogado Ronaldo Andrade, que representa Cristófaro, a declaração se deu durante uma conversa com um amigo de mais de 40 anos, quando os dois estavam dentro de um carro e Cristófaro participava de forma remota de uma sessão da Câmara.

O advogado classificou a fala do vereador como “infeliz” e argumentou que situação não justificaria cassação. Quanto a racismo, eu estou com Djonga: é fogo nos racistas. Mas racismo, não linchamento, não tirar uma frase de contexto e classificar como racismo. Quando muito, seria preconceito racial. Racismo requer dolo, vontade deliberada de cometer o ato. Ronaldo Alves de Andrade, advogado do vereador Camilo Cristófaro e ex-desembargador em SP

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