CPI do Golpe pode ousar além do imaginável

Destaque, Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Pedro França/Agência Senado

A CPI do 8/1 tem uma grande oportunidade de se adiantar à Polícia Federal e convocar oficiais para prestar esclarecimentos sobre os atos golpistas, avalia o colunista do UOL Josias de Souza. Nesta terça (26), a comissão ouvirá o general Augusto Heleno, ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) e deve protocolar pedidos para o depoimento de outros militares do alto escalão. Hoje, o desafio da CPI é muito maior. Esses são personagens que a Polícia Federal está condenada a ouvir e ela terá que intimá-los. Pela primeira vez, a CPI tem a oportunidade de sair na frente da PF e convocar esses oficiais. Eles podem até chegar lá e não dizer ou recorrer ao Supremo para assegurar seu silêncio, mas será uma oportunidade de trazer esses oficiais para a frente das câmeras e expô-los a algum grau de responsabilização. Ou a CPI convoca esses militares ou ela se autodesmoraliza. Josias de Souza, colunista do UOL

Ao UOL News, Josias citou os nomes dos comandantes das Forças Armadas Almir Garnier (Marinha) —que, segundo a delação de Mauro Cid, manifestou apoio à intenção golpista sugerida por Jair Bolsonaro—, Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos de Almeida Baptista Júnior (Aeronáutica) como alvos da CPI. Embora esteja cético quanto aos resultados, o colunista ressaltou a importância das investigações da comissão. Bastidores, opinião e análise dos fatos mais relevantes da política, na palma da sua mão. Baixe o app UOL Não tenho muita expectativa em relação ao potencial do relatório final da CPI para responsabilizar golpistas, mas ela teve o grande mérito de desmoralizar o bolsonarismo naquela tentativa de atribuir ao governo Lula o golpe contra o próprio governo Lula. Há muitos outros generais na mira porque essa tese do autogolpe se desmoralizou. Josias de Souza, colunista do UOL

A cientista política Deysi Cioccari mostrou-se preocupada com os rumos da CPI dos atos golpistas de 8/1. Para ela, a comissão está desviando de seu foco principal, que é investigar os envolvidos na invasão às sedes dos Três Poderes, e se revela mais concentrada em ganhar visibilidade. Parece que o STF tomou conta da agenda pública e a CPI tem avançado muito mais na preocupação de chamar atenção, voltar aos holofotes ou terminar logo e produzir um relatório final. As CPIs já foram um grande instrumento de investigação, mas hoje as vejo muito mais com uma necessidade de aparecer e estar sob os holofotes. Espero estar errada quanto a essa, mas me parece que ela perdeu muito o foco. Deysi Cioccari, cientista política

Ao analisar a queixa de Fabrício Queiroz, que reclamou da falta de apoio da família Bolsonaro à sua carreira política, Deysi comentou que o ex-presidente não quer deixar seu legado para alguém tão controverso quanto o ex-assessor de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL). Em toda a carreira política, a principal característica do ex-presidente é agir sob os holofotes. Não sabendo lidar com bastidor, muito menos ele tentará passar o legado político dele para um personagem tão controverso quanto o Queiroz. Ele não fez isso com outros com potencial eleitoral, imagina com alguém tão ambíguo na política brasileira como Queiroz. Deysi Cioccari, cientista política

Uol