Lula deve nomear mulher negra para AGU

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Foto: Joedson Alves/Agência Brasil

A indicação do substituto de Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal pode levar a uma nova dança das cadeiras no Executivo federal e à criação de mais uma pasta. Com os remanejamentos, Lula pode nomear uma mulher negra como ministra da Advocacia Geral da União, o que, no entender de aliados, ajudaria a aplacar a esperada revolta com o fato de que, para o STF, o escolhido deverá mesmo ser um homem.

Com o favoritismo adquirido por Flávio Dino nas últimas semanas para o Supremo, o Ministério da Justiça pode ser dividido. Seria uma maneira de também neutralizar as críticas pela atuação do governo na área de segurança pública. Um dos desenhos na mesa de Lula era nomear uma mulher para a Justiça, mas o fato de que é a pasta que cuida da Polícia Federal tem sido um óbice para essa busca: não chegou a ele nenhum nome de mulher que tenha, ao mesmo tempo, trânsito na PF e estatura para a Justiça.

Se a divisão ocorrer, uma possibilidade em estudo seria deslocar Jorge Messias da AGU para a Justiça e designar o número 2 de Dino, Ricardo Capelli, ministro da Segurança, dada a sua atuação como interventor na segurança do Distrito Federal depois do 8 de janeiro.

Com esses remanejamentos e desmembramento da Justiça, cresce o clamor pela nomeação de Claudia Trindade, assessora especial de Diversidade e Inclusão do órgão, como titular da AGU. Mulher, e negra, ela goza de prestígio junto ao PT e ao Prerrogativas, grupo de advogados próximos a Lula.

Já para a Procuradoria-Geral da União, interlocutores do presidente dizem que a pressão pela escolha de Antonio Carlos Bigonha ainda não foi suficiente para convencer completamente o presidente. Lula teria saído da conversa com o procurador com mais dúvidas do que antes. Nesse cenário, o trabalho intenso de Gilmar Mendes pela designação de Paulo Gonet pode encontrar uma avenida para crescer, apostam os observadores.

Como os lobbies e os interesses são vários, assim como também é crescente a pressão de grupos progressistas que não desistiram ainda de ver uma mulher no STF, nenhum desses cenários é definitivo. Lula tem demonstrado mais lentidão para decisões sobre nomeações e trocas de ministros que nos dois primeiros mandatos. Tem ouvido mais e indicado menos o que pretende de fato fazer.

O Globo