Lula já constrói barricadas antigolpe

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Eduardo Guimarães

Estudo do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), a cargo da cientista política Lilian Sendretti, dá conta de que o Brasil registrou mais manifestações de extrema direita nos dois meses após a eleição do presidente Lula que nos quatro terríveis anos anteriores.

A ocorrência e a ferocidade dos agressores da normalidade institucional e democrática da Nação veio num crescendo entre 2018 e o 8 de janeiro de 2023. Foram registradas 1.666 manifestações entre novembro de 2022 e o dia 8 de janeiro deste ano. Entre 2018 e 2021, foram 1.548 ao todo.

Enquanto isso, Insatisfação da base aliada no Senado — Casa em que o governo tem mais força — ameaça votações de interesse governista. Primeiro sinal de alerta foi o placar na análise do PL do Carf, quando a matéria foi aprovada por 34 votos em vez dos 40 esperados

A situação na Câmara dos Deputados é incomparavelmente pior. A federação de Lula elegeu 80 deputados. Outros partidos da coligação de 10 legendas que apoiaram o presidente, somados com o PDT, obtiveram 59 vagas.

Ou seja: a base de apoio direta de Lula eleita na Câmara em 2022 foi de míseros 138 deputados. Detalhe: a Câmara tem 513 cadeiras.

Mais uma vez, o povo elegeu um governo de esquerda que não tem força nem para barrar um golpe parlamentar, à exemplo do que ocorreu com Dilma Rousseff.

Lula tem condições melhores que Dilma para resistir. Político experiente, trata de atrair apoios dando aos opositores participação em seu governo, mas ao custo de uma oposição de esquerda que começa a se formar porque esta acha que se tiver o miolo do filé vai continuar governando por quatro anos e aprovando tudo o que quiser…

Dado o estado de tensão política do país, hoje, ainda mais com a ofensiva judicial contra a extrema-direita e a provável prisão do cabeça do 8 de janeiro, os reacionários estão radicalizados ao ponto de ebulição. Só cargos e verbas ainda impedem intentona golpista-parlamentar contra o governo.

Com a parcela mais romântica e irrealista da esquerda viajando cada vez mais fundo na maionese e a reduzida base parlamentar acordada tentando atrair apoios para um projeto que já se mostra de grande futuro, se o atual governo não for derrubado ainda se poderá sonhar com a sobrevivência desse tão necessário projeto de Nação.

Mas tudo isso é muito frágil. A mídia já se radicaliza e aproveita a ausência de neurônios do lado esquerdo para instigá-lo contra Lula. Todos os ataques feitos pela mão canhota do espectro político por nomeações para cargos vitais como o de PGR ou de ministro do Supremo ou contra alianças com a direita para acalmar seu ímpeto golpista, são incentivados pela mídia que explora a necessidade imperiosa de Lula fazer tais acordos.

Sabedor de que a burrice de uns e a má-fé de outros tendem a se intensificar, Lula já apela à construção de uma barreira contra a ofensiva golpista que, no mínimo, seguramente pode sobrevir. Apela, então, ao único poder que pode conter um Legislativo infectado pelo fascismo.

Lula está nomeando para o STF os seus mais confiáveis homens do mundo jurídico e na PGR escrutina o Ministério Público do Brasil em busca de alguém que pense com a própria cabeça e resista às pressões corporativas que permeiam tão poderosa e imprevisível instituição.

Terá que enfrentar a fúria da esquerda e da direita, que não hesitarão em sabotá-lo. Uns, por não entenderem a real situação política do governo federal; outros, por entenderem bem demais essa situação perigosa e que tanto ameaça àqueles que não mais podem esperar.

Redação