Lula venceu debate sobre golpe em Dilma

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Foto: Ricardo Stuckert

Passados sete anos, o impeachment de Dilma Rousseff (PT) voltou a polarizar as redes sociais após uma decisão da Justiça Federal, declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e um projeto em tramitação na Câmara dos Deputados. De acordo com um levantamento da Arquimedes, entre 22 de agosto e 1º de setembro, 117 mil publicações foram feitas sobre o tema no Twitter (hoje X), e cerca de dois terços delas (65%) defenderam a inocência da petista.

O impeachment voltou à pauta no último dia 22, quando o TRF-1 decidiu pela manutenção do arquivamento das “pedaladas fiscais”, episódio que embasou o afastamento da então presidente, sacramentado em agosto de 2016. No fim do ano anterior, Dilma havia sido acusada de ter atrasado o repasse a bancos públicos para melhorar artificialmente as contas do governo federal.

Dias depois do parecer da Justiça Federal, durante visita a Angola, Lula deu declarações a favor de sua aliada. Nas ocasiões, o presidente afirmou que o Brasil devia um pedido de desculpas a Dilma e argumentou que era preciso discutir formas de “reparar” a ex-mandatária.

Mobilizada pela fala do chefe do Executivo, a base governista no Congresso, liderada pelo deputado Lindbergh Farias (PT), protocolou um projeto de resolução propondo a devolução simbólica do mandato de Dilma. No texto, o parlamentar afirma que a presidente perdeu o cargo por “hipotético crime de responsabilidade” e que “as perspectivas fática e jurídica, nunca aconteceram”. Lindbergh diz ter se inspirado no projeto apresentado pelos senadores Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) e Pedro Simon que, em 2013, anulou a sessão que afastou o então presidente João Goulart no início da ditadura militar.

O debate digital acompanhou as movimentações políticas. De um lado, a base governista (65%) usou a decisão do TRF-1 e as falas de Lula para reforçar que a perda do mandato teria sido, na verdade, um golpe. Esta repercussão foi alimentada por nomes como os deputados federais Gleisi Hoffmann (PT-RS) e Guilherme Boulos (PSOL-SP).

Em post que obteve quase 400 mil visualizações, a presidente nacional do PT afirmou que Dilma havia sido inocentada, o que não ocorreu de fato. No ano passado, o juiz federal Frederico Botelho de Barros Viana, da 4ª Vara Federal, já havia excluído Dilma e o ex-ministro Guida Mantega da ação por considerar que eles deveriam responder por crime de responsabilidade e não de improbidade administrativa.

Já do outro lado, com 35% das manifestações, a direita criticou veemente Lula. Nomes como Eduardo Cunha, que era o presidente da Câmara à época, e o senador Ciro Nogueira se manifestaram em repúdio ao presidente e a favor da legitimidade do impeachment.

“Na verdade, o impeachment de Dilma se deu pela edição de decretos de execução orçamentária sem autorização do Congresso Nacional. Será que Lula vai conseguir revogar esses decretos ? E, se o fizer, tem efeito retroativo um decreto que já teve a consequência efetivada?”, questionou Cunha.

O Globo