Taxação de ricos faz PT aliviar com Haddad

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Foto: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda

Depois de um primeiro semestre de pressões sobre o ministro da Fazenda, o petista Fernando Haddad, a ala mais ideológica do PT deu uma trégua e tem dado respaldo às medidas gestadas pela equipe econômica, mais especificamente as que atingem os chamados “super-ricos”. Recém-enviadas ao Congresso, as matérias encontraram resistências em segmentos políticos e empresariais, mas receberam apoio em massa de petistas.

No fim de agosto, o presidente Lula editou uma medida provisória (MP) que prevê a taxação de fundos exclusivos, conhecidos como fundos dos “super-ricos”, e assinou um projeto de lei que tributa o capital de residentes brasileiros aplicado em paraísos fiscais (offshores).

Enquanto Haddad visa, com as medidas, aumentar a arrecadação federal e cumprir a meta de zerar o déficit fiscal, o PT vê a pauta como um fôlego para mobilizar a militância nas próximas eleições, tanto as municipais de 2024 quanto as gerais de 2026.

Em resolução do Diretório Nacional da sigla divulgada no último dia 29, o partido mostrou total apoio às medidas anunciadas:

“É importante aprovarmos a proposta do ministro Fernando Haddad de taxação dos super-ricos, dos fundos offshores. Mais do que necessidade de trazer receitas ao Orçamento da União, é uma questão de justiça tributária e social, em um país onde os pobres pagam mais impostos do que os ricos”.

A partir da PEC da Transição, Haddad passou a ser visto em Brasília como um bom negociador político, além do perfil técnico que passou a demonstrar.

Às vésperas da apresentação do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2024, petistas e ministros da área política passaram a questionar a meta de déficit zero, considerada ambiciosa demais.

O grupo defendeu um déficit para o próximo ano de algo entre 0,5% e 0,75% do Produto Interno Bruto (PIB). Para esse grupo, essa proposta de meta mais fruouxa evitaria o contingenciamento de gastos. Um bloqueio poderá vir a impactar investimentos, como a execução do Novo PAC.

Apesar do “fogo amigo” direcionado à equipe econômica do governo, venceu a tese de Haddad e a peça orçamentária foi enviada com previsão de déficit zero no próximo ano.

Outro tema que gerou divergências foi o novo Marco Fiscal, questionado publicamente por expoentes do partido, como o deputado federal Lindbergh Farias (RJ).

Haddad também goza de boa avaliação por parte de integrantes de outros partidos que compõem a Esplanada. Membros do PSD, MDB, PV e outras siglas veem o ministro desempenhando um bom trabalho e dotado de boa reputação. “Ninguém acreditava em nada que o Haddad falava no início, e agora ele está contrariando todos que não acreditavam nele. Haddad vai ser um baita ministro”, pontuou uma fonte do segundo escalão.

“Já teve ministro da Fazenda que teve um papel mais de bastidor, mais técnico e teve ministro da Fazenda que teve um papel mais político. O Haddad consegue conciliar as duas coisas”, elogiou a mesma fonte.

Passaram pela cadeira na Fazenda e depois trilharam caminhos políticos Ciro Gomes (PDT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Metrópoles