Massa e a herança maldita de Macri

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Massa e a herança maldita de Macri

Eduardo Guimarães

A transição do ex-presidente de centro-direita Maurício Macri ao peronista Alberto Fernandez lembra muito a do então centro-direitista Fernando Henrique Cardoso para o social-democrata Lula em 2003.

Cristina de Kirchner legou a Macri uma Argentina fustigada por ofensiva política análoga e contemporânea àquela que derrubou fraudulentamente Dilma Rousseff e desestabilizou a economia de los hermanos tanto quanto fez com a nossa.

Macri recebeu em 2015 a Argentina com inflação de 20% ao ano (altíssima) e entregou o governo a Alberto Fernandez com 55%, além de uma dívida externa próxima de 100% do PIB, mais pobreza e desemprego e restrições à compra e venda de dólares.

A dívida externa, no período Macri, cresceu inacreditáveis US$ 75 bilhões. O pior de tudo, porém, foi a catastrófica fuga de capitais do governo neoliberal de Macri que produziu uma maxidesvalorização análoga à que ocorreu no primeiro ano do segundo mandato de FHC.

No período de 2016 a 2018, saíram do país 88 bilhões de dólares. O país sofreu uma severa fuga de capitais que superou os 55 bilhões de dólares, mais de dois terços dos dólares que entraram no país desde o início do resgate do FMI.

Os investimentos fugiram do país e alcançaram o máximo registrado pelo Indec na Posição de Inversão Internacional Neta, com uma fuga de investimentos que aumentou em 192,6% na comparação anual, chegando ao recorde histórico de 68.279 milhões de dólares.

A dívida pública disparou e chegou quase a 95% do PIB no terceiro trimestre de 2018, enquanto o índice de endividamento em 2015 era de 52,6% do PIB, tornando o endividamento de 2018 o mais alto desde 2004.

A dívida pública em dólares aumentou 75,4%, como resultado da alta do dólar, que subiu 105%.

Alberto Fernandez e Sergio Massa conseguiram evitar um empobrecimento draconiano na Argentina, mas os números não são bons. Porém, tudo tem relação com a herança que receberam do neoliberal Macri, aliado de primeira hora a Patrícia Bullrich, aliada de Javier Milei — e que a ele nem conseguiu transferir votos porque o macrismo ainda é lembrado com calafrios.

A boa notícia é que Milei é um idiota. No debate de ontem (domingo 12), no qual foi esmagado por Massa, conseguiu se superar em termos de ímpeto suicida. Elogiou Margareth Tatcher, que em 1982 enviou uma esquadrada assassina para trucidar jovens argentinos no que chamam os ingleses de Ilhas Falklands e, nós, de Islas Malvinas.

Menos mal. A esquerda ganhará mais um mandato para tentar consertar a desgraceira neoliberal de Macri e cia.