1º Programa de Haddad superou os dos adversários
Em primeiro lugar, mesmo que possa parecer desnecessário, há que deixar claro que o que você vai ler a seguir não passa de opinião. Todavia, escrevo para convencê-lo de que essa opinião é produto de sinceridade. Eu, por certo, acredito no que vou dizer.
É o seguinte: ao menos no primeiro dia de propaganda eleitoral na TV, o programa de Fernando Haddad, de longe, foi o melhor. Há que reconhecer que o marqueteiro do PT soube explorar com eficiência digna de nota a fotogenia do candidato e seu desembaraço para se comunicar.
A apresentação de imagens dos problemas da cidade feita através de flashes não cansou o espectador. A rapidez permitiu maior profusão delas e despertou curiosidade sem apelar para cenas agressivas.
Foi uma ideia excelente usar o discurso que Haddad fez no lançamento de sua candidatura, lá atrás, pois, na oportunidade, ele se saiu muito bem. Foi um discurso vigoroso e o bordão crítico à atual gestão e ao abandono da prefeitura por Serra, perfeito:
“São Paulo está cansada de prefeitos de meio expediente ou de meio mandato”.
Bingo!
Já a campanha de José Serra recorreu a uma tática ironicamente malufista: dizer que “Para qualquer lugar que se olhe, em São Paulo, há uma obra de Serra”. De resto, foi mais do mesmo. O espectador ficou esperando, a qualquer momento, o velho bordão sobre genéricos.
Aliás, a fuga do programa de Serra dos problemas da cidade irá irritar muita gente. A cidade que ele levou ao vídeo só existe em sua cabeça ou nas de seus marqueteiros.
O programa de Celso Russomano foi aquela coisa careta, recorrendo mais à imagem amplamente conhecida do candidato do que aventurando-se a mexer com a reflexão do espectador. O de Gabriel Chalita, ainda mais chato. O de Soninha, estilo bicho-grilo.
Contudo, o programa de Haddad, a meu ver, escorregou ao apresentar a declaração de apoio de Lula. Soou-me artificial. Aliás, por que, diabos, o candidato chama Lula de senhor? Pareceu um aprendiz com seu professor… Tudo o que São Paulo não quer é um aprendiz, na situação atual.
Tampouco gostei de uma musiquinha, ao final do programa, ao estilo “Eu quero Haddad”, ou coisa que o valha. O rap até que se entende porque tem apelo na periferia, mas a musiquinha ao final irrita até os mortos.
De resto, o primeiro programa do candidato do PT a prefeito de São Paulo foi muito bom. Vibrante, cinematográfico, ágil. Haddad, no vídeo, é mel na chupeta. O bordão sobre prefeito de meio mandato ou de meio expediente, vai pegar.
Há um espírito mudancista em São Paulo. As pessoas não estão mais agüentando a cidade. Não conheço ninguém, aqui, que se diga satisfeito com ela. Até aqueles que só enxergam política pelo viés do fla-flu contra o PT parecem ter vergonha de dizer que a cidade não piorou.
A aparência favorável de Haddad dificultará estratégia que foi usada à larga contra Marta Suplicy ou contra Luiza Erundina, de caricaturá-las. Com o petista, será difícil a direita paulistana recorrer à sua velha tática de ridicularizar adversários.
Não sei se Haddad terá tempo para se fazer conhecido ou até que ponto o julgamento do mensalão pode influir em um eleitorado tão imaturo quanto o paulistano. Mas que ele tem chances reais de levar essa eleição, disso não tenho a menor dúvida.
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Confira, abaixo, os programas de Serra e Haddad
Serra
Haddad
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Sobre Victoria
Minha filha ainda está na UTI, mas as infecções foram controladas. Folgo em relatar aos amigos que ela parece estar se recuperando.
A família reitera agradecimentos aos leitores pelo apoio e conta com a torcida até que a menina supere, com segurança, essa fase.