Trio bolsomínion está desmoralizando o Itamaraty

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Foto: Jorge William / Agência O Globo

A decisão do chanceler Ernesto Araújo de publicar uma nota em apoio à ação militar dos Estados Unidos no Iraque, que resultou na morte do general iraniano Qassem Soleimani, foi tomada em conjunto com o presidente Jair Bolsonaro, o assessor internacional da Presidência da República, Filipe Martins, e o deputado Eduardo Bolsonaro, que estava de férias no Havaí. Nem o secretário do Itamaraty para assuntos do Oriente Médio, Kenneth da Nóbrega; o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência; tampouco o vice-presidente, general Hamilton Mourão, foram chamados para opinar.

Contudo, o voluntarismo da decisão — que resultou em uma resposta imediata do regime iraniano, que pediu explicações à encarregada de negócios brasileira no país — não causou surpresa aos frequentadores dos gabinetes da chancelaria. Tem sido assim desde o início da nova gestão. Secretários, conselheiros e outros servidores que integram a Ordem de Rio Branco têm sido rebaixados das funções de formuladores de política externa e se resignaram a postos de escritores de relatórios que dificilmente serão lidos, ainda que, nos quadros do ministério, seus cargos ostentem graduações de alto escalão.

Essa nova dinâmica não é aleatória. As decisões mais ruidosas sobre política externa têm sido tomadas a poucos metros dali, no Palácio do Planalto, por Bolsonaro, seu filho e Martins, nessa ordem — e têm Araújo como porta-voz. Foi assim quando o presidente brasileiro, ainda nas primeiras semanas de mandato, na estação suíça de Davos, decidiu seguir de imediato o posicionamento americano e reconhecer Juan Guaidó como presidente da Venezuela — ato depois corroborado por 60 países. A mesma receita também foi seguida à risca em diversas outras situações.

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