Podem me chamar de ‘Suplicy’
Em reunião com amigos na semana passada, um deles debochou de mim porque volta e meia abordo a questão das pesquisas. Comparou-me ao senador Eduardo Suplicy, que está sempre levantando a questão do seu projeto de Renda Mínima.
Muitos não entenderam, em um primeiro momento, a idéia que tive de usar o Movimento dos Sem Mídia para jogar a lei em cima dos institutos que vinham praticando fraudes escandalosas. Já o meu amigo supracitado, até agora parece que não entendeu que as pesquisas são o grande fato desta eleição presidencial.
Nunca, em uma eleição no Brasil, houve tal disparidade nas pesquisas e um escândalo parecido com o do Datafolha, que tentou impedir, ao custo da própria credibilidade, que se estabelecesse uma percepção na opinião pública que todas as pesquisas começaram a captar durante as últimas semanas.
Um dos componentes mais decisivos para a formação da intenção majoritária de voto do eleitorado é a sua percepção sobre quem deve vencer. E essa percepção se forma a partir das pesquisas.
Se o Datafolha e o Ibope não tivessem sido colocados contra a parede pelo MSM, teriam conseguido impedir que essa maioria esmagadora detectada pelas pesquisas formasse a opinião de que Dilma Rousseff deve vencer José Serra. E a percepção sobre quem vai vencer, por incrível que pareça, é o que determina o voto de muita gente.
Com a Polícia Federal investigando os quatro maiores institutos de pesquisa (Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi), o risco da manipulação se tornou proibitivo. Enquanto foi estatisticamente possível, o Datafolha, mais ousado, usou a “margem de erro” para tentar impedir a sociedade de saber a tendência do eleitorado.
Mas isso terminou com a disparada de Dilma. Não há mais margem de erro que dê conta de tamanha diferença entre ela e Serra.
Na semana que entra – já nesta segunda-feira – devem ser divulgadas as pesquisas Vox Populi e Ibope, que devem mostrar diferença bem maior entre o candidato da oposição e a candidata da situação do que a revelada pelo Datafolha na sexta-feira passada.
Atribuo esse crescimento mais rápido de Dilma a dois fatores: as entrevistas escandalosas do Jornal Nacional com os candidatos a presidente e a consolidação da percepção da opinião pública quanto a quem deve vencer a eleição presidencial – no último Datafolha, 50% acham que Dilma vencerá contra 25% que acham que será Serra.
Podem me chamar de “Suplicy”, apesar de que ele andou me decepcionando bastante. Enquanto a campanha eleitoral estiver em curso prometo ser tão repetitivo quanto ele, em relação às pesquisas. O jogo ainda não terminou.