Mídia eletrônica viola lei eleitoral ao apoiar acusações do PSDB
O vídeo acima, editado pelo blog Cloaca News, comprova o que a maioria do eleitorado já captou: emissoras de TV, rádios, jornais, revistas e portais de internet estão infringindo a lei eleitoral ao endossarem as acusações da campanha de José Serra contra o governo Lula de que este teria usado a Receita Federal para violar o sigilo fiscal de aliados do candidato tucano à Presidência, visando atingi-lo.
No vídeo, Willian Waack, sem perceber que o áudio do estúdio de gravação do Jornal da Globo estava aberto, mandou Dilma Rousseff calar a boca enquanto o telejornal exibia gravação em áudio e vídeo da candidata rebatendo as acusações tucanas – esse áudio aberto em telejornais ainda fará muitas vítimas.
Até aí, porém, não há infração da lei eleitoral.É óbvio que foi um descuido – a menos que a Globo tenha pirado de vez e esteja usando a estratégia de fingir vazamento de áudio para insultar a inimiga política. A violação da lei está nos comentários que vi e ouvi o âncora Waack fazer no mesmo Jornal da Globo ou a âncora Maria Lydia Flandoli fazer no da Gazeta, isto é, dar de barato que Dilma, Lula e o PT fizeram aquilo de que Serra os acusa.
É infração da lei eleitoral porque não há prova alguma, indício algum de que os petistas estejam envolvidos no vazamento. Há, apenas, a palavra dos tucanos, Serra à frente, o qual está sendo processado pelo PT por fazer acusação falsa.
Fora do período eleitoral já seria errado e passível até de reação dos acusados na Justiça, mas aí essa pratica apenas se amontoaria junto a montes de outras nas quais a mídia eletrônica fica ao lado dos tucanos contra os petistas sem que existam provas que sustentem uma tomada de posição. No período eleitoral, porém, a coisa é mais grave.
É inaceitável, fazerem isso. O eleitorado está demonstrando, pesquisa após pesquisa, que já esperava acusações como essa por parte da mídia e dos tucanos. Mas isso não elide o fato de que concessões públicas de rádio e tevê, que pertencem a petistas, tucanos, budistas, muçulmanos, corintianos e palmeirenses, entre tantos outros, não podem ser usadas em favor de um grupo político durante processos eleitorais.
E todos sabem que isso está acontecendo. O jornal O Globo, por exemplo, publicou matéria que deixa perfeitamente claro que a campanha de Serra está tentando usar o noticiário e a acusação sem provas que fez para reverter sua dramática situação eleitoral. Reproduzo, abaixo, matéria do veículo publicada em sua edição de sexta-feira.
Queda de Serra até em SP preocupa tucanos
Pesquisa do Datafolha mostra que Dilma cresceu mais e abriu vantagem de 20 pontos sobre o adversário
Gerson Camarotti, Cristiane Jungblut e Chico de Gois
O resultado da pesquisa Datafolha, divulgado ontem pela “Folha de S.Paulo” e que mostra que a petista Dilma Rousseff abriu vantagem de 20 pontos sobre o tucano José Serra, provocou um clima de desânimo na oposição. De forma reservada, a avaliação no PSDB é que, com este cenário, dificilmente haverá segundo turno.
Para tucanos, o maior pesadelo foi concretizado: Dilma ultrapassou Serra até mesmo em São Paulo, onde ele era governador até março. O sentimento generalizado no ninho tucano era de surpresa e perplexidade. E também de que, agora, só mesmo uma reviravolta na campanha poderia mudar este quadro.
A pesquisa, realizada nos dias 23 e 24, mostra Dilma com 49% das intenções de voto, contra 29% de Serra e 9% da candidata do PV, Marina Silva.
Segundo a pesquisa, a dianteira de Dilma se consolidou em todas as regiões do país e também em todas as faixas de renda, inclusive entre os que ganham mais de dez salários mínimos: entre esses eleitores, em pouco mais de 15 dias, Dilma passou de 28% para 40%, enquanto Serra caiu de 44% para 34%.
Numa última tentativa, a ordem, ainda que não consensual na campanha tucana, foi de jogar todas as fichas no episódio da violação do sigilo fiscal do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, e de outras três pessoas ligadas ao partido.
Mas há entre setores da campanha de Serra o temor de que essa agenda negativa amplie a rejeição do tucano. Outro número do Datafolha que preocupou muito o PSDB foi o da rejeição: 29% para Serra, contra 19% de Dilma.
(…)
Direi, então, o que pretendo fazer. Neste momento, ao terminar de escrever este post – às 14 horas de sábado, 28 de agosto de 2010 – enviarei consulta ao setor jurídico do Movimento dos Sem Mídia para que façamos um estudo sobre a ilegalidade contida no que acabo de escrever.
Concomitantemente, aguardarei o posicionamento do PT durante a semana. Se o jurídico do MSM disser que a ilegalidade que estou detectando existe e se o PT não tomar uma atitude contra esse escândalo, contra essa afronta à democracia, a organização que presido irá bater de novo às portas da Justiça Eleitoral exatamente como fez por conta da falsificação de pesquisas.
PS: vídeo acima será o primeiro de todos os OUTROS vídeos e áudios que juntaremos à representação como evidências do estupro da lei eleitoral pela mídia eletrônica.