Governo de direita da Argentina avisa: vem mais sofrimento por aí

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O presidente argentino, Mauricio Macri, anunciou nesta quinta-feira (27) que o número oficial da pobreza no país aumentou no primeiro semestre do ano. Foi de 25% (no segundo semestre do ano passado) a 27,3%.

“Não é um aumento que nos toma de surpresa, nós já sabíamos que as turbulências que temos tido na economia se refletiriam nessas cifras.” Ressaltou, porém, que seu governo, “ao contrário do anterior, não esconde nem maquia números que não nos agradam”.

No levantamento, são considerados pobres todas as famílias que tiveram renda inferior a US$ 220 mensais em junho (R$ 851 à época) —o equivalente então a 64% do salário-mínimo argentino.

​E avisou, ainda, que os números registrados neste segundo semestre e no próximo também vão mostrar retrocessos.

Pediu paciência e fez um aviso de que “a recuperação vai ser lenta, essa situação vai demorar mais para se recuperar e enfrentaremos meses difíceis e recessivos”.

Macri afirmou, no entanto, que a confiança no país deve aumentar depois do novo acordo firmado com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que elevará a linha de crédito obtida em junho de US$ 50 bilhões a US$ 57 bilhões, com adiantamento das cotas.

Explicou que, para aliviar a situação por ora, seriam lançados reforços em alguns planos de assistência, como o dos Preços Cuidados, lançado durante o kirchnerismo (2003 e 2015) e praticamente extinto durante a gestão Macri, que mantém alguns elementos da cesta básica com preços congelados apesar da inflação, hoje em 25%, mas com perspectiva de chegar a 40% no final do ano.

Na sequência de Macri, a ministra de Saúde e de Desenvolvimento Social, Carolina Stanley, disse que novas medidas estão sendo estudadas para que as “famílias mais vulneráveis estejam protegidas”.

Novamente houve uma mudança na agenda da intervenção do presidente. Na quarta-feira (26), foi cancelada uma entrevista coletiva que ele daria pela manhã. Já nesta quinta os jornalistas haviam sido informados de que Macri falaria do acordo com o FMI, da saída do ex-presidente do Banco Central, Luis Caputo e de um balanço da viagem aos EUA e que responderia perguntas. A divulgação dos dados de pobreza, porém, alterou a programação.

A equipe de comunicação do presidente considerou que era mais conveniente que ele desse a notícia o mais rápido possível, para diminuir seu impacto, ante um cenário em que os sindicatos estão programando novas medidas de força, para pedir tranquilidade à população.

Não foram permitidas perguntas ao mandatário. Ele fez apenas um pronunciamento explicando os números e as saídas previstas.

Na sequência, Stanley e o ministro do Trabalho e da Produção, Dante Sica, responderam perguntas dos jornalistas. Sobre a possibilidade de o número elevar a tensão com os sindicatos, Sica disse que “o governo vem trabalhando todos os dias pela retomada do crescimento, e greves como a dessa semana diminuem o ritmo da economia e não ajudam em nada.”

Da FSP.