Agora, Bolsonaro e 4 filhos são investigados pela PF
Foto: Reprodução/O Globo
O quarto filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, Jair Renan, que ficou conhecido pelo apelido “04”, foi alvo de uma operação da Polícia Civil do Distrito Federal nesta quinta-feira. Agentes foram em dois endereços ligados ao influenciador para cumprir mandados de busca e apreensão em um inquérito que investiga crimes de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.
O filho mais novo do ex-presidente, no entanto, não foi o primeiro integrante do clã a ser algo de uma investigação. Na família, o próprio Jair Bolsonaro está no centro de inquéritos que apuram crimes como peculato, corrupção e descaminho, no caso das joias recebidas por autoridades internacionais no valor de R$ 16,5 milhões que entraram de forma irregular no país e foram apreendidas pela Receita Federal. Há ainda inquéritos tramitando relacionados a Bolsonaro para apurar a atuação de um grupo que teria inserido dados falsos de vacinação contra a Covid-19 do ex-presidente nos sistemas do Ministério da Saúde e os autores intelectuais dos atos golpistas do dia 8 de janeiro.
Assim como o pai e o irmão mais novo, todos os outros três filhos do ex-presidente também são ou já foram alvos de investigações. O filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), chegou a ser denunciado pelo Ministério Público por lavagem de dinheiro e organização criminosa no caso da ‘rachadinha’, que apurava um esquema de repasse de dinheiro em seu gabinete na Assembleia Legislativa do estado do Rio, quando era deputado estadual. O Superior Tribunal de Justiça, no entanto, anulou as decisões tomadas pela Justiça fluminense e deu fim à investigação.
A prática de ‘rachadinha’ também foi investigada no gabinete do irmão mais novo de Flávio, o senador Carlos Bolsonaro, onde o Ministério Público do Rio identificou que o servidor Jorge Luiz Fernandes, recebeu R$ 2 milhões em créditos de seis servidores nomeados pelo vereador. A averiguação segue em curso tentando agora identificar se houve participação do filho do ex-presidente.
Veja as investigações tramitando ou que já foram arquivadas contra os filhos do ex-presidente:
“01” – Senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
O primeiro filho do ex-presidente foi foi alvo da investigação no caso das ‘rachadinhas’, que apurava desvios de seu gabinete como deputado estadual da Assembleia Legislativa do Rio. No fim de 2021, o Superior Tribunal de Justiça anulou as decisões tomadas pela Justiça fluminense e deu fim à investigação desde o começo. o Mistério Público Estadual do Rio apresentou mais um recurso para retomar o caso envolvendo o senador.
“02” – Vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ)
O Ministério Público do Rio instaurou, em 2019, dois procedimentos para investigar denúncias de uso de funcionários fantasmas e aplicação do esquema de “rachadinha” no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro, na Câmara Municipal do Rio. A denúncia foi protocolada com base em reportagem da revista “Época” publicada em junho daquele ano, que mostrava que o “zero dois” empregou sete parentes da sua ex-madrasta Ana Cristina Valle, mãe de Jair Renan.
Na apuração dos fatos, feita no âmbito do Laboratório de Tecnologia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro do MP, foram investigados 27 pessoas e cinco empresas ligadas a Carlos Bolsonaro. Segundo a estrutura identificada pelo órgão, Jorge Luiz Fernandes usou contas pessoais para pagar despesas pessoais de Carlos, mas ainda apura se os pagamentos foram eventuais ou regulares. O MP ainda procura descobrir se o “zero dois” foi efetivamente beneficiado do desvio de salários de seis servidores lotados no gabinete.
“03” – Deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP)
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) foi alvo de uma apuração preliminar da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre pagamentos em dinheiro vivo nas aquisições de dois imóveis na Zona Sul do Rio de Janeiro entre 2011 e 2016. O caso, arquivado pela PGR em 2021, foi revelado em setembro pelo GLOBO e envolveu duas transações imobiliárias que custaram R$ 150 mil em espécie ao parlamentar (R$ 196,5 mil em valores corrigidos pela inflação). As informações a respeito das transações constam das escrituras públicas desses imóveis, disponíveis em dois cartórios do Rio. O valor diz respeito a uma parte do pagamento dos imóveis.
Eduardo também é alvo de ações no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. No ano passado, inclusive, o parlamentar foi o campeão de representações no órgão, sendo o alvo de 27 queixas protocoladas.
“04” – Jair Renan Bolsonaro
A investigação que motivou a operação da Polícia Civil do DF nesta quinta-feira contra o filho mais novo de Jair Bolsonaro não é a única de qual Jair Renan faz parte. Em dezembro de 2021, o “04” foi intimado pela Polícia Federal a prestar depoimento em inquérito que apura o pagamento de suposta propina por empresários com interesse na administração pública. Jair Renan, no entanto, só compareceu à Superintendência da PF no Distrito Federal em abril de 2022, acompanhado do advogado Frederick Wassef, que na última semana também foi alvo de busca pela Polícia Federal.
Aos investigadores, no entanto, Jair Renan negou ter cometido irregularidades ou ter intermediado contatos de empresários com o governo federal. O documento do inquérito apontava a suspeita de que houve associação de Jair Renan com outras pessoas no “recebimento de vantagens de empresários com interesses, vínculos e contratos com a Administração Pública Federal e Distrital sem a aparente contraprestação justificável dos atos de graciosidade”.