Agronegócio está preocupado com atitudes de Bolsonaro com a Venezuela

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O mundo precisa de alimentos, e o Brasil é um dos principais fornecedores. As composições geopolíticas, contudo, dificultam cada vez mais esse comércio.

A Rússia ameaça deixar de importar soja brasileira, devido ao excesso de glifosato na oleaginosa. Tradicionalmente, o país é um comprador de produto livre de transgenia.

O agronegócio vê, contudo, também uma pressão política nessa atitude. No caminho, estaria a posição brasileira a respeito da Venezuela.

A atitude russa preocupa os produtores, que ficam ainda mais apreensivos com uma eventual escalada dessas ações por outros países.

Para o produtor mato-grossense Fernando Cadore, “o governo Bolsonaro tem posições firmes e, até se afirmar, terá de ter cuidados com as relações comerciais”.

Essa afirmação do país, contudo, principalmente sobre questões ambientais e trabalhistas, é essencial, de acordo com o produtor. Na avaliação dele, os adidos agrícolas vão saber coordenar ações com negócios.

A maior preocupação do setor agrícola, porém, é com um eventual efeito cascata dos países que apoiam a Venezuela. O Irã, um dos defensores de Nicolás Maduro, comprou 27% do milho exportado pelo Brasil no ano passado.

Não só Rússia e Irã mas também a China está nessa lista de apoiadores. Além das importações de grãos, esses países são grandes importadores de proteínas do Brasil.

Nenhum importador de soja que não seja a China tem grande importância para o Brasil. Embora a Rússia esteja entre os cinco principais importadores, comprou apenas 1,2 milhão de toneladas do Brasil em 2018. A China ficou com 68,8 milhões.

Neste ano, porém, o leque de oferta de soja e de milho será maior na América do Sul.

A Argentina, um país tradicionalmente exportador de milho, vai produzir o recorde de 43 milhões de toneladas. No ano passado, foram 32 milhões. Só por esses números, o Brasil pode esperar dificuldades pela frente.

Cadore afirma, no entanto, que não será muito fácil para esses países abandonarem o Brasil. Se o fizerem, terão de ir ao mercado dos EUA, um pouco mais complexo para eles.

“São questões delicadas, mas devem estar no radar do agronegócio”, diz Cadore. Ele acredita que o país não vá adotar medidas externas descabidas.

A Venezuela, que foi grande parceira comercial do agronegócio em anos recentes, poderá ser um complicador agora.

Da FSP