“Onda vermelha” em MG é retribuição a desmandos de Aécio no Estado

Análise

 

Caiu como uma bomba atômica no cenário político pesquisa publicada na edição do último sábado (20/9) do jornal mineiro O Tempo. Manchete principal de primeira página não poderia resumir melhor o quadro no feudo político de Aécio Neves – quem, passo a passo, vai se tornando o coveiro do PSDB: “Dilma dispara e Marina encosta em Aécio em MG”

A notícia sobre o avanço de Dilma Rousseff naquele Estado é bombástica porque, a persistir o quadro de disparada generalizada não só dela, mas também do PT no segundo maior colégio eleitoral do país, a possível “morte” do PSDB não é má notícia apenas para Aécio: Marina Silva tem motivos de sobra para se preocupar.

A esta altura, todos já sabem que, em Minas, Dilma abriu quase 20 pontos de vantagem sobre Aécio e Marina, os quais estão tecnicamente empatados (com vantagem numérica da pessebista sobre o tucano). Além disso, o candidato a governador petista, Fernando Pimentel, abriu mais de 15 pontos sobre o tucano Pimenta da Veiga.

Abaixo, os quadros divulgados pelo jornal mineiro. O post prossegue em seguida.

 

 

Se para Aécio é ruim, para Marina não é tão menos ruim. A forte queda da rejeição de Dilma em Minas se fez acompanhar de forte subida das rejeições dos dois principais adversários. E, no segundo turno, tanto Marina quanto Aécio despencaram abaixo de 30 por cento enquanto Dilma chega a quase 40.

O peso de Minas – que, repetindo, é o segundo maior colégio eleitoral do país – se soma ao do Nordeste, onde Dilma tem larga vantagem, e desidrata Aécio na principal região eleitoral do país, o Sudeste.

O que está acontecendo nas Gerais está sendo chamado de “Onda Vermelha” – com boas razões, diga-se. Não se está falando em uma melhora de Dilma sobre os dois principais adversários dentro da margem de erro. O que essa notícia mostra é um massacre eleitoral em curso e que, por razões que serão explicadas a seguir, não tende a refluir.

O que está acontecendo em Minas Gerais é nada mais, nada menos do que uma justa retribuição dos mineiros a desmandos de seu ex-governador que só ficaram conhecidos a partir de sua candidatura a presidente da República – da qual ele já começa a se arrepender.

Até então, Aécio Neves era uma espécie de senhor feudal em Minas Gerais. Após governar o Estado durante oito anos (2003 – 2010), deixou o cargo com mais de 90% de aprovação. Contudo, a opinião dos mineiros começou a mudar quando descobriram quanta coisa não ficaram sabendo sobre o ex-governador até que ele se candidatasse a presidente.

Em julho, este Blog divulgou reportagem da revista Piauí que traçou um dos perfis mais completos sobre Aécio. Na matéria, soube-se que a conduta de senhor feudal dele chegava ao ponto de proclamar que teria um “Palácio de Versalhes” naquele Estado, e que mantinha a imprensa mineira de joelhos, razão pela qual o povo não sabia de seus desmandos.

Tudo isso começou a mudar também em julho. Conforme se espalhavam boatos sobre um desses desmandos de Aécio em seu domicílio eleitoral, o jornal Folha de São Paulo, historicamente simpático ao PSDB, oportunisticamente veiculou denúncia que sabia que durante a campanha eleitoral fatalmente emergiria.

 

 

A partir dali, espalhou-se como fogo pelo país (via internet) uma sucessão de novas denúncias sobre aeroportos que Aécio mandara construir para seu próprio benefício pelo Estado. Milhões de reais foram gastos com um capricho, mas esse caso ainda fica longe da gravidade das demais denúncias que pesam contra o tucano.

A forma como Dilma e o PT dispararam em Minas é uma bomba eleitoral. Vantagem tão avassaladora no segundo maior colégio eleitoral do país deve se refletir em pesquisas nacionais nas próximas semanas. E, se a situação mineira continuar assim, o até há pouco impensável pode acontecer: Dilma pode vir a se reeleger em primeiro turno.