Pesquisa que diz que Lula seria “esmagado” por Aécio é fajuta
As eleições de 2014 ficaram marcadas por uma torrente de pesquisas eleitorais fajutas que o tempo tratou de mostrar que foram feitas sob encomenda para enganar a sociedade e influir no processo eleitoral. Nesse aspecto, três institutos sobressaíram: Veritá, Sensus e Paraná.
O instituto Veritá, por exemplo, a 5 dias da eleição presidencial em segundo turno, publicou uma pesquisa absolutamente maluca em que Aécio Neves aparecia com sólida vantagem sobre Dilma Rousseff – fora da margem de erro.
Em 21 de outubro de 2014, esse instituto mostrou Aécio com 53,2% das intenções de voto, quase sete pontos percentuais à frente de Dilma, que tinha 46,8%. Considerados os votos totais (considerados votos brancos, nulos e indecisos), a contagem era de 47% para o tucano e 41,4% para a petista.
Era uma maluquice. Nenhum outro instituto apontava semelhante quadro. Os números do Veritá contrastavam com a terceira pesquisa Datafolha do segundo turno, divulgada no mesmo dia, que mostrava diferença de quatro pontos percentuais em favor de Dilma.
Tratava-se de uma virtual vigarice, mas que duraria pouco. Míseros 4 dias após o segundo turno, agora com Dilma eleita, a Folha de São Paulo publicou matéria que mostrava que o tal instituto Veritá usara dados falsos, o que não impediu que a campanha tucana e a mídia amiga usassem a patifaria para tentar enganar o eleitor.
Dez dias antes, outro instituto que usou e abusou de fraudes para tentar ajudar Aécio a se eleger publicara uma pesquisa ainda mais escandalosa, que contrariava todas as outras. A pesquisa apresentava, inclusive, uma conclusão: faltando duas semanas para o segundo turno, o tucano já estaria eleito.
Em 11 de outubro de 2014, pesquisa sobe a sucessão presidencial divulgada pelo Instituto Sensus mostrava Aécio com 58,8% dos válidos contra 41,2% da presidente Dilma Rousseff, ou seja, uma vantagem de 17,6 pontos.
A pesquisa, evidentemente fajuta, viera revestida com a capa de uma certa credibilidade que ainda tinha o instituto Sensus, credibilidade que naufragou durante a eleição. Eis os dados oficiais do registro da pesquisa no TSE.
Registro na Justiça Eleitoral – BR-01076/2014
Entrevistas – 2.000, em cinco regiões, 24 Estados e 136 municípios do País
Metodologia – Cotas para sexo, idade, escolaridade, renda e urbano e rural
Campo – de 07 a 10 de Outubro de 2014
Margem de erro – +/- 2,2%
Confiança – 95%
Quatro dias após a divulgação dessa farsa, o Datafolha publicou sondagem com dados muito diferentes. Tão diferentes que qualquer um poderia concluir que ou o Sensus ou o Datafolha estavam mentindo – e todos viram, poucos dias depois, quem estava mentindo.
Neste ano, o instituto Paraná vem publicando pesquisas – que ninguém sabe quem está pagando que afirmam que Lula chegaria em terceiro lugar se a eleição presidencial de 2018 fosse hoje.
Em 8 de abril do ano passado, a revista Época divulgou em seu portal na internet que contratou “A primeira pesquisa sobre o segundo turno” com um tal “Instituto Paraná”. O resultado dessa pesquisa surpreendeu não só petistas, mas, também, tucanos ao mostrar Aécio Neves disparado à frente de Dilma Rousseff (54% a 46%).
Pelo inusitado dos números, o Blog procurou a campanha de Dilma Rousseff. Perguntou se o PT já dispunha de trackings ou pesquisas internas sobre o segundo turno, ao que foi informado de que o partido começaria a fazer suas sondagens só a partir do dia seguinte – quinta-feira, 9 de outubro.
Em seguida, a pergunta foi sobre a confiabilidade da pesquisa. Abaixo, a resposta da campanha de Dilma:
“Picaretagem. Dê uma olhada no site do TSE. [A pesquisa] nem está registrada no TSE como uma pesquisa comprada pela Época. No registro da pesquisa perante o TSE (BR 01064 e 01065), não consta a revista Época nem tampouco a Editora Globo como contratantes, ao contrário do afirmado pela própria Época em sua página”
O Blog acolheu a sugestão da fonte e foi ao site do TSE pesquisar. Abaixo, a reprodução da página de registro de pesquisas do TSE que mostra os números de registro da pesquisa “Paraná”.
O fato é que a pesquisa Paraná destoava das dos grandes institutos, que mostravam Dilma e Aécio virtualmente empatados. Pesquisa Ibope publicada no dia seguinte ao da pesquisa Paraná mostrava o tucano e a petista tecnicamente empatados – ela com 49% e ele com 51%.
À época, o blogueiro parananese Esmael de Moraes divulgou que um dos donos dono do “Instituto Paraná”, Murilo Hidalgo, “já estaria nomeado para integrar o novo governo de Beto Richa” e que “deveria dirigir a Celepar, companhia de TI do estado do Paraná”.
Talvez a divulgação desses dados tenha ajudado a “melar” a indicação, mas uma mera visita ao site do instituto Paraná mostra que a empresa tem sólidas relações políticas. Entre outras razões, está a de o instituto exibir em seu site, como um troféu, um “depoimento” sobre seu trabalho.
Em 2 de abril, o instituto Paraná publicou pesquisa que afirmou que se as eleições presidenciais fossem naquele momento Aécio teria 37,1% dos votos, Marina Silva ficaria em segundo lugar, com 24,3%, e o ex-presidente Lula teria 17,9%.
Onze dias depois, pesquisa Datafolha divulgou pesquisa que tornou incompreensível a pesquisa Paraná. Segundo o instituto do Grupo Folha, apesar de Lula ver a popularidade de seu legado diminuir, naquele momento ele fora citado como melhor presidente que o Brasil já teve por 50% dos entrevistados.
No primeiro dia útil desta semana, o instituto Paraná soltou mais uma de suas pesquisas Tabajara. Só que, ao contrário do que fez em 2 de abril, desta vez o instituto foi menos ambicioso – afirmou que o resultado adverso para o ex-presidente diante de Aécio e Marina foi apurado apenas em Brasília, enquanto que há dois meses afirmou que seria no Brasil inteiro.
Desta feita, o Paraná afirma que se as eleições de 2018 fossem hoje, EM BRASÍLIA Aécio Neves teria 40,3% dos votos, Marina Silva teria 24,7% e Lula, 17,6%. Em abril, o mesmo instituto afirmou que pesquisa com resultado semelhante teria sido feita “com 2.022 eleitores em 152 municípios brasileiros entre os dias 26 e 31 de março”.
Pode-se notar que a pesquisa que o instituto Paraná divulgou em 2 de abril como tendo sido feita em 152 municípios mostra resultado muito parecido com a que divulgou neste 1º de junho.
ABRIL
Aécio 37,1%
Marina 24,3%
Lula 17,9%
JUNHO
Aécio 40,3%
Marina 24,7%
Lula 17,6%
Como se vê, Lula e Marina teriam agora, apenas em Brasília, praticamente os mesmos resultados que tiveram em abril no Brasil inteiro, e Aécio teria subido um pouco. Brasília, então, é um resumo do Brasil?
Dado o histórico desse instituto e dada a prática que se estabeleceu durante o período eleitoral de institutos divulgarem pesquisas claramente falsas sem sofrer as penas da lei que torna crime falsificar pesquisas eleitorais, pode-se dizer que, na melhor das hipóteses, essa pesquisa que mostra Lula tão fragilizado, apesar de ser considerado, disparado, o melhor presidente que o país já teve, é fajuta como uma nota de 3 reais.
Essa última pesquisa Paraná não está sendo levada a sério nem pela imprensa tradicionalmente antipetista. A esquisitice em relação à pesquisa anterior, de abril, ficou escandalosamente evidente.
O grande problema é que uma picaretagem como essa se espalha como fogo pelas redes sociais e por blogs e sites antipetistas e, assim, vai turvando o entendimento das pessoas sobre o quadro político.
Os dados supracitados falam por si mesmos. Há uma avalanche de dúvidas sobre essa pesquisa Paraná feita “em Brasília”. É possível ver que há algo tremendamente errado. Há que combater essa farsa ao máximo, pois, neste momento mesmo, está confundindo as pessoas.
Criminosamente!