Gilmar Mendes debocha da estátua em frente ao STF
O conceito de Justiça se vale de simbolismos para fazer as sociedades acreditarem que juízes julgam sem se pautarem por pré-conceitos de qualquer espécie. O site do STF define a cegueira da estátua da Justiça que foi estrategicamente colocada à porta daquela Corte como “Símbolo da imparcialidade”.
Dia após dia, um dos ministros mais antigos do Supremo passa diante daquela estátua sem se dar conta do seu significado. Ou debochando dela.
Após todos os showzinhos que o ministro deu ao longo da tramitação da Ação Direta de Inconstitucionalidade 4650, de autoria da Ordem dos Advogados do Brasil e que versou sobre o financiamento de campanhas eleitorais, Mendes encerrou (?) sua participação naquele processo com um esperável “gran finale”.
Confira, abaixo, a última afronta de Mendes à estátua que desafia diariamente ao ir trabalhar.
Existirá algum entre o 1,5 milhão de filiados ao Partido dos Trabalhadores que Gilmar Mendes considere digno? Pelo visto, não.
Essa entrevista que, suarento e destemperado (como de costume), Mendes deu ao Jornal Nacional, manda uma mensagem à sociedade: qualquer cidadão que exerça seu direito constitucional de apoiar o Partido dos Trabalhadores – mesmo que não tenha ligação de qualquer espécie com o partido – estará ameaçado pela injustiça caso sua causa caia nas mãos desse juiz.
Aqueles que não entendem nem o conceito de democracia e, portanto, muito menos o de Justiça, acharão ótimo. Isso porque não se perguntam o que mais integra o cabedal de ojerizas de Mendes.
Será que você, que pensa assim, encaixa-se à perfeição no ideário desse magistrado sobre quais devem ser as posições e características gerais de um cidadão para lhe merecer um julgamento justo?
Um julgador que não se pauta pela premissa a que a estátua em frente ao STF conduz – a de que a Justiça deve ser “cega”, ou seja, não deve levar em conta as opiniões, a etnia, a religião, a condição social de alguém ao julgá-lo –, não tem como decidir de forma justa.
A incapacidade de um magistrado para deliberar com a cegueira conceitual da Justiça o inabilita para a função.
Ao abrigar um magistrado como Gilmar Mendes, o Supremo Tribunal Federal deveria mandar retirar da entrada de sua Sede a estátua de granito de mais de três metros de altura da deusa Themis, esculpida em 1961 por Alfredo Ceschiatti.
Enquanto ela estiver lá, constitui denúncia constante de que aquela Corte abriga um magistrado que desafia e conspurca o conceito de justiça com seu partidarismo suarento, debochado e constrangedoramente escrachado.