Globo insulta povo egípcio

denúncia

Na edição do programa da Globo News Manhattan Connection exibida na noite do último domingo ocorreram ataques ao povo egípcio tão graves que fazem imaginar que se o Egito não estivesse vivendo uma crise institucional formularia um protesto ao Brasil, possivelmente em termos diplomáticos.

Apesar de o programa em questão não passar de uma reunião semanal de gente paga para insultar e nada mais, sua última edição foi particularmente virulenta.

Inicialmente, espantou assistir Diogo Mainardi dizendo que o recente incêndio na Cidade do Samba, no Rio de Janeiro, foi uma “boa notícia”. Ele mesmo, logo após se comprazer pelo sofrimento daquela gente humilde que teve uma de suas poucas alegrias na vida destruída, disse que, se fosse a Globo, não contrataria a si mesmo e que deveria ser “censurado”.

Sua intenção óbvia foi a de ridicularizar o gosto musical do populacho, tripudiar sobre pessoas que passam o ano inteiro juntando os tostões para desfilar.

O espanto, porém, só durou até o programa suplantar aquela barbaridade com outra ainda maior. Começaram ataques a uma nação inteira, de uma forma que, além dos prejuízos morais, por certo provocarão, no mínimo, prejuízos econômicos ao turismo egípcio.

Reproduzo, a seguir, os insultos da Globo a um povo que, demonstrando uma  coragem que encantou o mundo, acaba de se libertar de uma ditadura de 30 anos.

Comentando os ataques físicos de viés sexual sofridos recentemente no Egito pela repórter Lara Logan, da rede de TV americana CBS, que cobria a comemoração pela renúncia de Hosni Mubarak, os integrantes do Manhatan Connection Lucas Mendes e Caio Blinder disseram o seguinte:

Lucas Mendes – 70%, 80% das egípcias e 90% das estrangeiras se queixam dos homens egípcios. O que é que há com os homens egípcios?

Caio Blinder – Não, não com os homens egípcios, homens de países que têm uma cultura… Não é, sabe…Eu queria voltar… Primeiro que a pesquisa diz que 98% das mulheres estrangeiras reclamam, no Egito. Em árabe – e isso eu li num [inaudível] da vida, num Google, aí – não existia, até pouco tempo, uma palavra pro termo, em inglês, arrestment, e português, assédio…

Mendes – O Caio, especialmente…

Blinder – O Cairo, não o Caio…

Mendes – O Cairo, que podia tá na lista das cidades mais feias do mundo… O Nilo, se tirar o Nilo, se tirasse o Nilo do Cairo, é uma…

Blinder – Milão é mais feia…

Mendes – O Cairo é feio [sic] que parece uma… Parece…

Blinder – E a explicação das mulheres?

Mendes – Além de ser feia, quando eu estava lá tinha um casal da embaixada brasileira que me acompanhava e a mulher dizia: “Olha, não ando sozinha numa rua do Cairo – de jeito nenhum –, não entro num elevador, com um egípcio, sozinha…”

Mendes – Porque elas eram, “rotinamente” [sic],  “bulinada” [sic]… Hã… Beliscão…

(…)

Entra Diogo Mainardi:

A situação das mulheres, isso num governo secular como o do Egito… Se esse, se esse… Se a situação piorar, nesses países do Oriente médio… Isso é, se os fanáticos religiosos assumirem o poder, realmente cada mulher, no Oriente Médio, irá se sentir como o Justin Bieber

Faltou explicar que pouco antes de começarem a insultar o povo egípcio, Mainardi e companhia faziam troça com a sexualidade do cantor adolescente americano que se tornou um fenômeno da música internacional, por dizerem-no “andrógino”.

Naquela conversa homofóbica também citaram a modelo transexual Lea T, filha do  ex-jogador de futebol Toninho Cerezo, que discutiram se realmente era transexual por terem dúvidas sobre se havia “cortado” o pênis…

Se alguém se interessar em assistir a esse diálogo surreal que consumiu longos quinze minutos em uma concessão pública, pode clicar aqui por sua conta e risco.