Os Filhos do Pinheirinho
Os Filhos do Pinheirinho
Que quereis vos, petizes inocentes?
Viestes ao mundo de tão insistentes
De tez incerta ou escura qual a noite
Iguaria rara à demência do açoite
Do opressor dos degredados
Pelas garras dos soldados
Eis que roubados da serventia
Pela abundância da mais-valia
*
Vedes que vos negam o futuro
Ó condenados ao cárcere do muro
Inocentes, renitentes, insistentes
Frutos das paixões inconseqüentes
Se pudesse vos devolveria
Ao ventre de Maria
Mãe dos degredados
Esteio dos flagelados
Eis que jamais vos libertaram
Tal qual um dia imaginaram
*
A servidão perdura
Segue em marcha a escravatura
Que quereis então, petizes inocentes?
Viestes ao mundo de tão insistentes
De tez duvidosa ou negra qual carvão
Não esperais que algum vos estenda a mão
Desvanecei, pois, pequenos insistentes
Ousastes nascer, não sois inocentes
Eduardo Guimarães