Gurgel é aquele que não viu nada demais entre Perillo e Cachoeira
Que aproveitem bem a comemoração pelo êxito provisório desse esquema criminoso que uniu setores do Poder Judiciário, do Ministério Público, do Legislativo e da imprensa em um conluio para produzir a farsa estupradora de direitos civis em que se converteu o julgamento do mensalão, pois cedo ou tarde terão que responder por seus crimes.
Chega a ser piada: a autoridade que deu curso a esse processo na forma como está sendo conduzido se chama Roberto Gurgel. Ele condenou o deputado petista João Paulo Cunha por ter sacado (ou mandado sacar) 50 mil reais na boca do caixa, pagos por um esquema supostamente criminoso.
Gurgel é o mesmo que não viu nada demais quando lhe chegou às mãos a informação de que o governador de Goiás, Marconi Perillo, no exercício do cargo estava fazendo transações pessoais de milhões de reais com o bicheiro Carlos Cachoeira, indicando funcionários públicos em seu governo a mando do mesmo e até confraternizando com ele.
Detalhe: tanto é que Gurgel não viu nada demais nas relações entre Perillo e Cachoeira que só abriu inquérito contra o governador de Goiás anos depois de saber de suas relações e só porque o mesmo pediu
É uma piada esse julgamento do mensalão. A condenação de João Paulo Cunha fez dele o PRIMEIRO – isso mesmo, leitor, o primeiro – político condenado na história do STF. Ou seja: nunca antes na história deste país outro político mereceu ser condenado naquela Corte. Começou por um acusado de receber 50 mil…
O pior não é isso. Não há um vínculo direto entre quem é acusado de pagar João Paulo e ele. Ao menos um vínculo sequer parecido ao que há entre Perillo e Cachoeira.
Marcos Valério não vendeu casa a João Paulo, não conseguiu que indicasse funcionários para a Câmara dos Deputados, não recebeu do publicitário telefonema de felicitações pelo aniversário nem nada. Perillo se envolveu em tudo isso e Gurgel não viu nada demais (!). Onde é, diabos, que o Brasil melhorou com essa farsa?