Datafolha e Ibope concordam e diferem simultaneamente em SP

Análise

Pesquisa Datafolha divulgada ontem mostra tendência de dois candidatos a prefeito de São Paulo que diverge da que aponta o Ibope. Entre meados de setembro e o começo desta semana, o primeiro instituto aponta José Serra sempre acima de Fernando Haddad enquanto que o segundo os mostra embolados.

No caso de Russomano, porém, causa estranheza que a tendência nos dois institutos seja a mesma (?!)

Seria interessante ter uma série do Vox Populi para comparar também, mas o Datafolha fez sete pesquisas no período de meados de setembro até o começo desta semana, o Ibope fez cinco e o Vox Populi fez só duas, o que impede que os números deste último instituto sejam comparados com os dos outros dois.

Equiparar Datafolha e Ibope foi mais fácil porque foi possível desconsiderar duas pesquisas Datafolha que não foram feitas em períodos análogos aos do Ibope de forma a permitir comparação de cinco pesquisas de cada lado no período que vai de 15 de setembro a 3 de outubro.

Surge, então, a pergunta: por que Datafolha e Ibope divergem só entre os candidatos que disputam a ida ao segundo turno?

Pode-se inferir com bastante tranqüilidade, portanto, que um dos dois institutos está forçando a barra na disputa que é a que mais tem significação política, haja vista que Russomano já começa a cair como se previu que aconteceria, tendo apenas demorado um pouco mais.

O Ibope jamais foi um instituto considerado “petista”. Em 2010, aliás, o dono desse instituto, o senhor Carlos Augusto Montenegro, chegou a prever que Serra venceria Dilma Rousseff com facilidade, tendo sua previsão entrado para a galeria do besteirol político-eleitoral.

No caso da última sondagem do Ibope, divulgada na terça-feira (2), Serra apareceu um ponto percentual na frente de Haddad, ou seja, nada. E, na pesquisa anterior, feita uma semana antes, deu Haddad na frente de Serra. Mas a proximidade dos números sugere que estão virtualmente empatados e sem tendência definida. Já o Datafolha mostra franca recuperação de Serra.

Vale repetir: de forma absolutamente incompreensível e inexplicável, Datafolha e Ibope concordam cem por cento sobre a trajetória de Russomano, que subiu, estabilizou-se e caiu nos dois institutos.

Claro que os tucanos dirão que o Ibope é “petista” e o Datafolha é “isento”, mas a ultrapassagem de Serra por Haddad que o Ibope chegou a apresentar andou dominando todos os trackings do PT e ao menos um do PSDB, ainda que depois tenha sido qualificado pela campanha tucana como “um erro”.

Essa, porém, pode ter sido a última cartada do instituto que estiver forçando a barra dentro da margem de erro. A menos que pretenda correr risco apostando que sua manipulação vá influenciar o eleitorado de forma que vote como deseja.

O pior, porém, pode acontecer. Se Haddad for ao segundo turno, o Ibope ficará na posição de instituto que melhor detectou os movimentos do eleitorado. O instituto da Folha de São Paulo, porém, parece disposto a correr o risco.

Pela volatilidade da campanha eleitoral em São Paulo, essa possível aposta do Datafolha seria bem arriscada. Ainda mais porque, devido ao que a ida de Serra ao segundo turno representa, o instituto do Grupo Folha pode tentar influenciar o eleitorado até na pesquisa que deverá publicar no dia da eleição.

De uma coisa, porém, é possível ter certeza: um dos dois institutos está forçando a barra. E em mais três dias saberemos qual é.