Debate na Globo: Haddad oferece programas a SP e Serra, mensalão

Análise

 

O último debate da campanha para prefeito de São Paulo só não foi tedioso por contribuição do candidato Fernando Haddad, a quem, nos dois primeiros blocos do programa, couberam tiradas de humor em relação a propostas de José Serra. De resto, o que se viu foi exatamente mais do mesmo que ocorreu ao longo de toda a campanha em segundo turno.

Qualquer alteração que possa vir a ocorrer no quadro eleitoral que vigeu até aqui – de vantagem ampla de Haddad –, seja em favor de quem for, de forma alguma terá decorrido do debate da última sexta-feira na TV Globo.

Haddad manteve estratégia de embates anteriores de não ficar na defensiva, partindo para o ataque já na primeira pergunta – o que o PT chama, desde 2010, de “assertividade –, querendo saber de Serra se ele estava satisfeito com a administração de São Paulo e que parcela de responsabilidade ele se atribui pela cidade que se tem hoje.

Serra enrolou, enrolou, citou programas que só apareceram de umas duas semanas para cá, como o “bilhete amigão” – ou coisa que o valha –, mas se dedicou mesmo ao tema que, junto com a mídia que o apoia, pensou que o elegeria. Como o leitor já imaginou, Serra, pela milionésima vez desde agosto, apostou no mensalão.

Os portais tucanos (UOL, Estadão, Veja, G1) destacaram que, “pela primeira vez”, Serra comparou supostos valores desviados “pelo mensalão” com Amas (postos de saúde) que poderiam ter sido construídas. Estão divulgando isso em tom de “agora vai”,  o que ocorreria pela primeira vez após sete anos de noticiário incessante sobre o assunto…

Se os prognósticos se confirmarem, Serra terá perdido a eleição porque não soube avaliar a aflição dos paulistanos, que não sabem como discursos sobre “mensalão” irão mitigar os problemas que as mesmas pesquisas mostram que fazem essa população rejeitar, em maioria esmagadora, a atual administração da cidade.

Até aqui, porém, o que as sondagens do ânimo do eleitorado de São Paulo demonstraram foi que a população autóctone amadureceu com o sofrimento que decorreu de suas escolhas em 2004 e 2008 e, agora, quer algo mais do que discursos hipócritas sobre “ética” vindos do PSDB, que, como se sabe, tem seus próprios problemas nessa seara.