Olhe pelo Fies, presidente Dilma. Barbeiragens do MEC vão afundá-la
Recebo, pelo Facebook, mensagem angustiada de uma jovem leitora que descobriu o Blog da Cidadania no ano passado, durante o processo eleitoral. A leitura desta página a fez votar em Dilma com medo de perder o financiamento estudantil que conseguiu em 2014 e que permitiu que se tornasse a primeira pessoa de sua família a cursar uma faculdade, segundo relata.
A angústia da jovem leitora se deve a e-mail que recebeu da Universidade paulistana FMU. Confira, abaixo, a “bomba” que caiu na vida da moça, que estava exultante com a chance que o governo Dilma lhe dera ao permitir que integrasse o contingente de jovens sem recursos que encontraram nos governos do PT a chance de terem uma vida melhor do que a de seus pais.
Como se vê, a instituição de ensino acusa o governo federal pelo inferno que esses jovens humildes estão vivendo para continuarem seus estudos.
Se fosse outra pessoa que relatasse o problema, eu poderia ficar desconfiado de que a instituição de ensino estaria agindo politicamente contra o governo Dilma, mas venho trocando mensagens com essa moça há muito tempo e sei que não só votou na reeleição da presidente, mas, também, fez campanha para ela.
Fui apurar a reclamação da moça e descobri que, em tese, ela deveria conseguir fazer o “aditamento” (confirmação de que permanecerá no curso que iniciou em 2014). Porém, o que o governo diz não é bem assim.
Os beneficiários do Fies estão vivendo um inferno. Os estudantes precisam revalidar seus cursos no site do MEC, mas este não funciona há, pelo menos, uns dois meses. Além disso, o governo federal impôs limites não aos novos beneficiários, mas aos antigos.
Além disso tudo, o MEC não dá informações. O site que poderia informar é confuso e muitos estudantes não conseguem entender as regras. E, como se fosse pouco, o governo impôs um limite de financiamento. Instituições de ensino que aumentaram as mensalidades em 2015 acima de teto determinado pelo MEC não terão financiamento para seus cursos.
Fazendo uma pesquisa na internet, encontrei reportagem recentíssima da Folha de São Paulo que bate com a apuração que fiz do problema. Inclusive, ironicamente versa sobre a mesma faculdade que a leitora supracitada cursa.
Confira, abaixo, a reportagem.
Todos sabem que o Blog da Cidadania apoia o governo Dilma e tem defendido, inclusive, o ajuste fiscal. É doloroso, mas é inevitável. O que a presidente Dilma disse no pronunciamento de domingo sobre o prolongamento da crise ter obrigado o governo a manter políticas anticíclicas como desoneração de impostos por tempo demais, deteriorando as contas públicas, foi dito nesta página inúmeras vezes.
Contudo, não dá para virar as costas para os fatos. O que o governo federal está fazendo no Fies, por exemplo, é uma espécie de haraquiri político.
Não estamos falando de “coxinhas”, de filhinhos de papai, mas de jovens pobres que estavam maravilhados com a possibilidade de cursarem uma faculdade e que, de repente, estão vendo seus sonhos naufragarem.
Até reconheço que, no âmbito do esforço fiscal, concessão de novas bolsas do Fies poderiam ter que sofrer restrições, mas quem já está cursando faculdade de repente ser deixado ao relento dessa forma, é impossível aceitar.
Reconheço todos os méritos do governo Dilma, continuo apoiando, mas faço, aqui, um apelo à presidente para que se inteire do nível de incompetência que esse setor do seu governo está apresentando.
Esses jovens estão desesperados e posso garantir que grande parte deles via no governo Dilma uma benção para suas vidas. Agora, estão considerando esse governo uma maldição. Sonhos estão sendo interrompidos. A jovem leitora relatou vários casos de amigos que deixaram aos prantos a universidade em que ela estuda após saberem que não iriam poder mais estudar.
E o pior é que parte desse drama está ocorrendo à toa, porque muitas vezes, como revela a matéria da Folha, tudo se deve à desorganização, à incompetência que fica difícil negar que está grassando no Ministério da Educação e Cultura.
Atenção, presidente Dilma. Esse tipo de situação que relatei acima está criando um ódio pela sua administração que será difícil de dissipar mesmo com a reversão futura de medidas duras de ajuste. Quem bate, esquece. Quem apanha, não esquece.