Abusos e parcialidade fazem Lava Jato perder apoio
A última edição da pesquisa “Pulso Brasil”, é feita mensalmente pelo instituto Ipsos e apura vários aspectos da evolução da opinião pública sobre política, economia, hábitos de consumo dos brasileiros e suas opiniões sobre valores e comportamento.
A edição de outubro dessa pesquisa apurou a quantas anda o apoio à Lava Jato e o resultado está sendo comemorado por grupos políticos fascistas que enxergam na operação a única oportunidade de derrotar “definitivamente” a centro-esquerda brasileira.
O site Antagonista, por exemplo, veiculou recentemente uma opinião que exprime o aspecto mais característico do fascismo, a busca furiosa pela “unanimidade”, ou seja, o sufocamento da divergência de opiniões.
A opinião do site pilotado pelo fugitivo (do Brasil) Diogo Mainardi e dois outros comparsas, porém, é uma balela, uma enganação, bem ao estilo dessa gente.
Eles dizem que Para 94% dos brasileiros, “A Lava Jato deveria continuar com as investigações até o fim, custe o que custar” e que “A pesquisa Ipsos, citada pelo Estadão, mostrou também que, para 76% dos entrevistados, a Lava Jato “fortalece a democracia”.
Não é bem assim. É óbvio que pouca gente seria contra investigação de corrupção, daí o dado perene nessa e em outras pesquisas no sentido de que “94%” – a tal unanimidade almejada pelo site fascista citado – quer combate à corrupção.
Porém – e isso O Antagonista omite –, embora o apoio a que a Lava Jato investigue corrupção ainda seja significativo, esse apoio caiu bastante. Em maio deste ano, na mesma pesquisa 86% se diziam confiantes na contribuição da operação para o amadurecimento da democracia no País. Ou seja: caiu de 86% para 76% o apoio à continuidade da Lava Jato.
Mas não é só esse dado que mostra que os abusos e a parcialidade da Lava Jato já despertam a desconfiança do público menos informado, ou seja, da grande maioria que se informa, no máximo – e, portanto, superficialmente – por manchetes de jornal expostas nas ruas e pelo Jornal Nacional.
No mês passado, segundo o mesmo instituto Ipsos, o ex-presidente Lula teve seu índice de desaprovação reduzido e sua taxa de aprovação ampliada na comparação com o mês anterior. O percentual da população que não concorda com a atuação de Lula caiu de 66% para 59% (em outras pesquisas, a rejeição dele é muito menor), enquanto que a parcela da sociedade que o aprova subiu de 32% para 40%, a maior em dois anos de levantamentos.
Ao mesmo tempo, o juiz federal Sergio Moro, que condenou Lula a nove anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro e é um dos símbolos da Operação Lava Jato, alcançou uma taxa de desaprovação de 45%, recorde desde setembro de 2015.
Mas o que leva a Lava Jato – que, devido ao forte apoio publicitário da mídia, deveria ser, de fato, a “unanimidade” fascista almejada pelo fascismo do Antagonista e assemelhados – a perder apoio dessa forma?
Uma explicação parcial está nas burradas da operação como essa última polêmica dos recibos de aluguel de Lula, que desmoralizou o Ministério Público de Deltan Dallagnol e companhia ao ponto de Sergio Moro ter sido obrigado a recuar e a condescender com a tese de que a acusação do MPF de que os recibos seriam “ideologicamente falsos” não tem base lógica ou factual.
Moro publicou decisão em que autorizou o acesso do MPF aos recibos e pediu aos procuradores para que esclarecessem, em até cinco dias, que tipo de perícia sugeriam para os recibos, o que foi interpretado como concessão de “razão” à defesa de Lula.
Afinal, a defesa do ex-presidente trucidou o MPF nesse caso ao apresentar provas materiais de que foi desmascarada a mentira de Glaucos da Costamarques, o laranja que o MPF coagiu a acusar Lula de não ter pago alugueis de imóvel contíguo ao de sua propriedade em S. Bernardo do Campo entre 2011 e 2015.
Mas o que está desmoralizando mesmo a Lava Jato é a parcialidade. A pesquisa Ipsos citada pelo Anta-gonista detectou um dado que mostra que disparou a percepção da sociedade de que a Lava Jato vai terminar em pizza e isso se deve à seletividade política da investigação.
Há poucos dias, a vertente da Lava Jato para políticos que têm foro privilegiado mostrou que, de cima a baixo, a operação tem viés político. Por isso, caiu a percepção de que investiga igualmente todos os partidos e 40% já acham que
Um dos casos que mais deixaram a população descrente foi a marmelada da Lava Jato no STF, que aliviou a barra do tucano Aécio Neves em confronto com o que a mesma Corte decidiram recentemente contra o senador petista Delcídio do Amaral – o tucano não foi preso nem processado, enquanto que o petista foi preso, processado e teve o mandato cassado.
Tudo somado, a Lava Jato vai sendo desmascarada como o que é, uma operação parcial levada a cabo para tirar o PT do poder e que, sobretudo na figura de Sergio Moro, tem forte viés político em prol de corruptos filiados a partidos simpáticos à Justiça brasileira, atualmente conhecida como “partido da justiça”.
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Confira, abaixo, reportagem sobre o assunto feita pelo Blog da Cidadania em vídeo