Lula tem como vencer de qualquer jeito em 2018

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A recente polêmica envolvendo Ciro Gomes está sendo vista como fraqueza da esquerda, que, no Brasil, vive dividida desde sempre. Mas, neste momento, a coisa não é bem assim. A direita também está se estapeando. Na verdade, a esquerda está mais unida que a direita…

Ou está brigando menos.

Eis um momento perfeito para a esquerda ser inteligente e derrotar o fascismo, derrotar bandidos e psicopatas de direita e extrema-direita que estão se comendo vivos para dividir o butim, o produto do saque à democracia perpetrado no ano passado.

A direita foi muito hábil no golpe. Aproveitando um certo cansaço da população em relação aos governos petistas, sobretudo devido à crise internacional, pegou carona na burrice e nos devaneios da esquerda radical, expressa nas “jornadas de junho”, e voltou por cima à cena política.

Os desatinos da esquerda radical fortaleceram a direita em 2013 com as manifestações dos 20 centavos e continuaram fortalecendo-a em 2014 com o “Não vai ter Copa”.

Os protestos da oposição de esquerda contra Dilma Rousseff quase elegeram Aécio Neves presidente. O golpe, porém, trataria de despertar não só a esquerda radical, mas a mídia antipetista e a centro-direita, aos quais aquela esquerda, sem perceber, uniu-se na desmoralização do governo Dilma

Pela esquerda, boa parte dos grupos políticos, movimentos sociais e dos partidos que fizeram oposição aos governos Lula e Dilma descobriram a besteira que diziam sobre o PT ser “de direita” ou “igual ao PSDB”.

A direita desmontou a CLT, acabou com programas sociais e está desconstruindo o Estado Democrático de Direito, que nunca foi lá muito forte mas que, sob o golpe, está sumindo pela bocarra da fera, o “partido da justiça”, sediado na República de Curitiba.

Já a centro-direita e sua mídia descobriram que, se o negócio é vender o pensamento de direita, o pensamento de extrema-direita tem muito mais apelo, pois em países culturalmente atrasados como este a tendência ao radicalismo é irresistível.

Daí vêm as tentativas da centro-direita de regular o direitismo que sua mídia instilou na parcela mais descerebrada da sociedade, prisioneira de seitas fundamentalistas cristãs pilotadas pelos Malafaias da vida e por movimentos picaretas como o MBL.

Reinaldo Azevedo volta suas baterias contra a “direita xucra” e a Veja, quem diria, descobre que seu trabalhinho sujo pariu coisas como Bolsonaro.

Paralelamente, João Doria, criatura de Geraldo Alckmin, parida em 2016, volta-se contra o criador e seu entorno e desencadeia uma guerra dentro do PSDB pela primazia de disputar a presidência pelo partido em 2018.

 

Lula tem como fazer a esquerda vencer de um jeito ou de outro em 2018

 

Alberto Goldman e Fernando Henrique Cardoso batem de frente com Doria publicamente, em um movimento inédito dentro do PSDB e da centro-direita brasileira.

Diante do espetáculo de divisão na direita, a esquerda está até muito bem. À exceção das cretinices antipetistas de Luciana Genro e das escorregadas de Ciro Gomes. Nada disso, porém, é comparável à conflagração destra.

A direita se estapeia dando de barato que quem disputar contra o PT, em 2018, ganha. Até porque, acha que Lula não estará na urna eletrônica porque a Justiça Federal está incumbida pelo capital de julgar e condenar Lula duas vezes em um ano e meio, o que talvez se torne a maior afronta ao Estado de Direito em toda história recente do país.

Recentemente, porém, uma série de juristas insuspeitos de petismo ou sequer de esquerdismo vêm lembrando que se Lula não for condenado por unanimidade a segunda instância terá que fazer um segundo julgamento com seis desembargadores no lugar de três, adiando a possibilidade de enquadrar Lula na lei da ficha limpa e, inclusive, de prendê-lo.

Porém, sempre haverá a hipótese de o TRF4 mandar o Direito para o espaço e condenar Lula só com base na acusação de delatores, contrariando a lei 12.850/13, que determina que nenhuma condenação será feita com base apenas em acusações de delatores.

Ainda assim, a cada eleição milhares de candidatos a toda sorte de cargos eletivos disputam eleições sob liminares do TSE que permitem que candidatos condenados em duas instâncias disputem eleições. Mas, de novo, sempre haverá o risco de também a Justiça Eleitoral violar a lei e a jurisprudência e negar a Lula uma liminar que não nega a ninguém.

A lei, para Lula, funciona só contra ele independentemente dos fatos e das provas, ou da ausência destes.

Eis que, inabilitado ou até preso, Lula deixaria um vácuo no quadro eleitoral. O que a direita acha é que parte do eleitorado de Lula é de direita e se não votar nele, poderá votar até em um Bolsonaro da vida.

A única fórmula para Lula garantir que todo o apoio popular que tem recaia em um substituto por ele indicado, portanto, será colar ao seu lado o ungido pelo PT e pela aliança à esquerda para ocupar a vaga do petista em caso de inabilitação do ex-presidente, seja lá por que razão for.

Desse modo, urge que Lula entre em 2018 ou até termine 2017 valendo-se de uma estratégia que inviabilizará a esperança da direita em que prendendo o ex-presidente estará garantindo uma vitória fascista ou de centro-direita.

Explico:

A história sobre “plano B” do PT já foi descartada pelo partido porque colocaria em dúvida o eleitor de Lula e poderia jogá-lo no colo da direita. Mas se Lula escolher já um candidato a vice e colá-lo em si a cada passo que der daqui até a eleição do ano que vem, tornando-o automaticamente identificável consigo, esse escolhido se transformará, automaticamente, em seu herdeiro natural.

Em caso de inabilitação de Lula, portanto, o candidato a vice, então já bem conhecido da população, assumirá seu espólio naturalmente.

Essa “sombra” de Lula, pois, precisa ser escolhida imediatamente. Essa pessoa deve ser vista ao lado dele a cada aparição pública que fizer daqui até a eleição do ano que vem. Mas para que essa estratégia funcione, quanto antes começar a ser adotada mais chances de sucesso terá.