E o RACISMO, é ‘COISA DE BRANCO’?

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Este post está sendo escrito em 20 de novembro de 2017, feriado nacional “optativo”. É o “Dia da Consciência Negra”.

O Dia Nacional da Consciência Negra foi criado em 2003 como efeméride (fato importante ou grato ocorrido em determinada data) e incluída no calendário escolar até ser oficialmente instituído em âmbito nacional mediante a lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011,

O Dia Nacional da Consciência Negra é feriado em cerca de mil cidades em todo o país e nos estados de Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Rio de Janeiro através de decretos estaduais.

Em estados que não aderiram à lei, a responsabilidade é de cada câmara de vereadores, que decide se haverá ou não o feriado no município.

Então, o Brasil tem 5.570 municípios, mas apenas mil deles aderiram ao feriado dedicado à odisseia da população negra por aqui, que remonta a séculos – a instituição da escravidão no país toma forma no século XVI.

Vivemos um momento importantíssimo na luta contra o racismo. O caso William Waack reacendeu um debate que não é travado como se deve nem mesmo existindo esse surto de racismo que assola o país, detectado por diversos estudos, e que coincide com o golpe de 2016 e o surto de fascismo que o acompanha.

Neste momento, há que darmos uma rápida olhada no Brasil e seu racismo “cordial”.

Logo pela manhã deste 20 de novembro, recebo de uma contraparente contendo aquele meme do Morgan Freeman negando o racismo que circula há anos pela internet e que, dias atrás, foi usado por uma das raras negras que tem espaço de destaque no jornalismo da Globo.

A jornalista Gloria Maria, assim como Freeman, causou grande indignação entre a comunidade negra com essa postagem abjeta que nega o racismo.

Mas pior do que esse episódio triste é a hipocrisia de gente branca que ousa negar o racismo e dizer que é uma invenção. Apesar do que disse a ex-consulesa da França em São Paulo Alexandra Loras em vários programas da televisão brasileira, que “o Brasil é o país mais racista do mundo”, a elite branca não aceita e chega a negar o racismo com ideias como a contida no meme de Morgan Freeman.

Coincidentemente, e tragicamente, no dia da Consciência Negra é divulgado caso de um jovem ator negro que foi assaltado por dois homens brancos próximo a uma estação de metrô em São Paulo e conseguiu fugir para dentro da estação. Lá, pediu ajuda aos seguranças. Os assaltantes brancos, então, convencem os seguranças de que a vítima era o criminoso.

Eis a tragédia brasileira. Eis a vergonha nacional, o racismo hipócrita, velado que nós, pessoas de classe média tidas por aqui como brancas (são raros os brasileiros verdadeiramente brancos) vemos ser vomitado cotidianamente em nossos círculos de relações sociais.

A reportagem que você vai assistir no vídeo a seguir retrata essa hipocrisia abjeta, esse racismo fora de controle que sempre foi grande em nosso país, mas que o golpe de Estado de 2016 acirrou sobremaneira, como os casos recentes de William Waack e do ator negro comprovam sem sombra de dúvida.