Por que Pedro Cardoso não apanhou como Taís Araújo

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Toda vez que ocorre um caso clamoroso de racismo que não só evidencia a existência dessa chaga nacional como inviabiliza a negação do racismo, não tarda a aparecer uma horda de racistas COM VOZ para pregar o “deixa disso”, ou seja, para negar a existência do que todos veem todos os dias desde sempre.

Quanto mais evidentes são os casos de racismo, mais os racistas negam a existência de racismo.

Como é possível que, após o âncora do segundo telejornal mais importante da Globo demonstrar que é racista até a alma ou após um jovem negro ser preso pela segurança do metro e entregue aos assaltantes brancos que o perseguiam, ainda exista gente que nega o racismo denunciado por Taís Araújo e ainda a ataque por ter denunciado?

Após Taís ter dito que seu filho de seis anos poderia ser confundido com um assaltante-mirim caso saísse sujo de um jogo de futebol e andasse por um bairro de elite, o mundo caiu sobre a sua cabeça.

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Figuras deploráveis como secretário de Educação do Rio de Janeiro, Cesar Benjamin, ou como Marco Antonio Villa, o historiador reacionário da Joven Pan, ou o deputado do PSD mato-grossense José Medeiros, ou o presidente da EBC, Larte Rimoli, uniram-se a MILHARES de vermes da internet para atacar Tais.

Em solidariedade a Taís, o ator Pedro Cardoso, outra celebridade global, saiu de um programa da TV Brasil sem dar entrevista em um ato de protesto contra a fala racista do presidente da EBC contra a colega atriz.

Apesar do belíssimo gesto de Pedro Cardoso, é revoltante a diferença de comportamento dos críticos de Tais a adesão do ator à tese do racismo verbalizada por ela. Ninguém deu um pio. Não o chamaram de “pilantra”, como fez Villa com Taís. Não disseram que estava tentando se promover ou que teria algum interesse escuso em vender a tese de que haveria racismo no Brasil.

Sabe por que, leitor? Porque Pedro Cardoso é branco e, no Brasil, só quem tem primazia para falar de racismo é branco. Negro, quando toca no assunto, é oportunista, é pilantra, está se “vitimizando” ou querendo se promover. Eis a maior de todas as provas de quanto este país é racista.

Assista a reportagem do Blog da Cidadania sobre o tema.

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