Cármen Lúcia é mãe pra Aécio e carrasco pra Lula

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A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, disse, em evento promovido pela Folha de São Paulo, que não vai “aceitar pressão para colocar em votação a questão da prisão após condenação em segunda instância, que interessa à defesa de Lula da Silva”.

Ela deve ter algum problema pessoal com o ex-presidente, já que, para Aécio, contra quem há provas concretas de crime, foi uma mãe ao dar o voto que permitiu que o Senado parasse o processo dele no STF, onde poderia julgá-lo e não quis.

Maio de 2017. Explode escândalo envolvendo o senador pelo PSDB de Minas Gerais Aécio Neves e o dono do frigorífico JBS, Joesley Batista, que entrega à Procuradoria-Geral da República gravação em que o então presidente do PSDB pede R$ 2 milhões ao empresário.

O pedido foi aceito. Mas a gravação feita pelo Ministério Público com autorização da Justiça mostra que Joesley quis saber quem seria o responsável por pegar as malas. Aécio indicou o primo Frederico Pacheco de Medeiros para receber o dinheiro.

Fred, como é chamado, foi diretor da Cemig, nomeado por Aécio quando era governador. Fred Também foi um dos coordenadores da campanha de Aécio a presidente da República em 2014.

As filmagens da Polícia Federal mostram Fred recebendo malas de dinheiro, ainda em São Paulo.

As malas de dinheiro foram entregues por Mendherson Souza Lima, secretário parlamentar do senador Zezé Perrella, do PMDB de Minas, dono de um helicóptero que foi flagrado pela polícia com meia tonelada de cocaína.

Perrela nunca respondeu por isso, diga-se

Esse mesmo Aécio Neves voltou nesta semana ao noticiário. Segundo a Folha de São Paulo, o patrimônio do tucano TRIPLICOU entre 2014 e 2016.

Segundo o jornal, “Documentos da Receita Federal revelam que o patrimônio declarado do senador Aécio Neves (PSDB-MG) triplicou após a eleição de 2014, quando foi derrotado por Dilma Rousseff (PT). O salto foi de R$ 2,5 milhões em 2015 para R$ 8 milhões em 2016

Nada disso impediu Carminha de ser uma mãezona para o tucano corrupto, sem vergonha e salafrário. Segundo o colunista do UOL Josias de Souza, “Cármen Lúcia ignorou Cármen Lúcia” ao dar o voto que permitiu a impunidade de Aécio Neves por tudo que acaba de ser mostrado.

Em outubro do ano passado, quando o STF decidiu se o Senado tinha ou não que afastar Aécio do mandato, Cármen Lúcia desempatou em 6 a 5 o julgamento que transferiu para o Legislativo a última palavra sobre o assunto, o que permitiu que esse mesmo Senado decidisse que não daria permissão para a Justiça processar Aécio enquanto ele tivesse mandato de Senador.

O mais engraçado, segundo o colunista Josias de Souza, é que a Cármen Lúcia de 2017 contrariou a Cármen Lúcia de 2006, que indeferiu o pedido de liberdade de um deputado estadual de Rondônia acusado de corrupção, mas concedeu liberdade a Aécio e determinou até a interrupção do processo contra ele na Justiça.

 

Essa não é a mesma Cármen Lúcia que acaba de protagonizar um show de hipocrisia, autoritarismo e partidarismo político em relação ao pedido de habeas corpus do ex-presidente Lula ao STF.

Segundo a Folha de São Paulo, “a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Carmen Lúcia, disse em evento promovido pela Folha nesta terça (13) que não vai aceitar pressão para colocar em votação na corte a questão da prisão em segunda instância, que interessa à defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”.

Ao ser questionada sobre como lidava com o lobby para revisar a previsão de prisão a partir de decisão da segunda instância, Carmen Lúcia respondeu: “Eu não lido. Eu não me submeto a pressão”.

Como se vê, toda essa postura de “independência e coragem” com a qual o senhora Cármen Lúcia afronta este país não passa de jogo de cena, de teatro, de falta de respeito com parcela gigantesca dos brasileiros que exige que Lula não seja preso e que quer votar nele e, além disso, de falta de respeito com seus colegas que querem o direito de se pronunciar sobre essa questão.

Só trouxa cai na encenação de Cármen Lúcia. Ela atua com seletividade política, protegendo pessoas contra as quais há provas inquestionáveis, como contra Aécio, e violando a Constituição (artigo 5º) ao impedir que Lula receba habeas corpus a que faz direito por não ter sido condenado em última instância.

Eis a maior prova de que houve golpe no Brasil. Somente em países em que a democracia foi extinta a lei trata cidadãos iguais de formas diferentes, de acordo com a posição político-ideológica deles. Vivemos, pois, em uma ditadura. Togada, mas, ainda assim, uma ditadura asquerosa, hipócrita, caduca, com cara de filme de terror.

Assista à reportagem em vídeo.