Marina não quer que Lula, de quem perderia, dispute eleição

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Marina Silva, em sabatina realizada pelo UOL, pela Folha e pelo SBT em São Paulo, declarou que o ex-presidente Lula, que a venceria por larga margem na eleição presidencial deste ano, não possa ser candidato. A razão, segundo ela, não é essa. Acredite quem quiser.

Confira matéria do UOL

“Não se pode mudar a lei em função de uma pessoa”, diz Marina sobre Lula

Janaina Garcia Do UOL, em São Paulo 24/05/201810h39

A pré-candidata da Rede à Presidência, Marina Silva, defendeu nesta quinta-feira (24) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não seja apresentado ao eleitor como candidato às eleições de outubro a fim de que a lei da Ficha Limpa não seja desrespeitada.

Marina falou sobre o assunto na sabatina realizada pelo UOL, pela Folha e pelo SBT em São Paulo. A declaração da ex-senadora e ex-ministra nas gestões de Lula acontece a poucos dias de o PT realizar ato para o lançamento da candidatura do petista –que está preso em Curitiba desde o dia 7 de abril deste ano em cumprimento a uma pena de 12 anos e um mês no âmbito da Operação Lava Jato.

Indagada sobre a participação de Lula na disputa, a pré-candidata foi taxativa: “A lei deveria ser cumprida. Em uma democracia, não se pode mudar lei em função de uma pessoa”, afirmou, referindo-se à inelegibilidade decorrida da condenação em segunda instância importa pela Ficha Limpa – sancionada em 2010, no último ano do segundo mandato de Lula.

“Há uma mania de se fulanizar as leis. Não se pode fulanizá-las – a lei não pode se adaptar às pessoas, elas que têm que se adaptar às leis”, definiu.

Mesmo preso, o petista chegou a aparecer em pesquisas, em situação de liderança, com quase um terço das intenções de voto.

Sobre o eventual apoio desse eleitor petista a uma candidatura dela, Marina defendeu que é preciso manter, primeiramente, “uma atitude de respeito” com os eleitores.

“Os eleitores não podem ser tratados como se fossem propriedade dos candidatos. Tratar eleitor como soberano, dono do seu voto, é uma questão de respeito. Não sou aquele tipo de pessoa que muda o discurso de acordo com a circunstância. Não encaro a justiça como vingança. Justiça para mim é reparação. Não tenho atitude e acho não ser civilizado tripudiar quem está entregue ao estado para cumprir sua pena. Agora, não posso fazer adaptação no discurso: quem cometeu erro, deve pagar por isso. Não fico feliz com isso. Não queria ver as principais lideranças de grandes partidos envolvidos em grandes crimes de corrupção”, declarou.

Sobre aliança com o PT – partido ao qual foi filiada até 2009 -, a representante da Rede ponderou: “Os eleitores do PT têm todo o meu respeito, mas minha candidatura é independente. Essa independência vem sendo construída desde 2010.”

Críticas a porte de armas, bandeira de Bolsonaro

Ao ser abordada sobre os problemas de violência que o país enfrenta, a pré-candidata defendeu a elaboração de um plano nacional de segurança pública e reagiu a propostas como a ampliação do porte de armas – defendida, por exemplo, pelo adversário Jari Bolsonaro (PSL).

Marina falou sobre o assunto ao admitir que a família possuía cães de guarda e uma espingarda como forma de proteção, no sertão do Acre, na infância, já que “todo seringueiro, naquela época, dispunha de alguma arma de fogo – até porque os seringueiros eram todos soldados da borracha”.

“Mas aquilo era espécie de ferramenta, não pode ser usado para liberar geral a arma para as pessoas, isso é uma loucura, isso é uma insanidade”, defendeu. E completou.

Na avaliação da pré-candidata, é do Estado a obrigação de reprimir e combater o crime, não do cidadão comum, armado. “As democracias evoluíram, o Estado se constituiu como mecanismo de mediar a força entre pessoas e grupos. Dizer que vamos resolver [o problema da violência] entregando armas à população é criar uma guerra civil”, analisou.