Guru de Bolsonaro tenta explicar denúncias de corrupção

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O economista Paulo Guedes, guru econômico de Jair Bolsonaro (PSL), manifestou nesta quarta (10) perplexidade com a abertura de investigação para apurar supostas fraudes em seus negócios com fundos de pensão patrocinados por estatais.

Em nota divulgada por seus advogados, ele acusa o MPF (Ministério Público Federal) de agir com motivação eleitoral.

“Causa perplexidade que, às vésperas da definição da eleição presidencial, tenha sido instaurado um procedimento para apurar fatos apresentados por um relatório manifestamente mentiroso. Resta claro que essa iniciativa é uma afronta à democracia, cujo principal objetivo é o de confundir o eleitor”, diz o comunicado.

Folha noticiou nesta quarta (10) que a Procuradoria da República no Distrito Federal abriu no último dia 2 um procedimento investigativo criminal para apurar a suspeita de que o economista se associou a executivos ligados ao PT e ao MDB para praticar fraudes em negócios com sete fundos de pensão, entre eles Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Funcef (Caixa) e Postalis Correios, além do BNDESPar – braço de investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

Os procuradores apuram possíveis crimes de gestão fraudulenta ou temerária, além de emissão e negociação de títulos sem lastros ou garantias, entre 2009 e 2013.

Nesse período, as entidades eram comandadas por indicados dos dois partidos, adversários de Bolsonaro.

A apuração foi instaurada pela força-tarefa Greenfield, cujos procuradores miram esquemas de pagamento de propina em fundos de pensão e órgãos públicos. Baseou-se em relatórios da Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar).

Conforme pessoas com acesso ao caso, a Previc começou a auditar negócios de Guedes com fundos de pensão a partir de 15 de setembro, quando a imprensa noticiou que, segundo a Justiça, ele se beneficiou de fraude que causou prejuízo à Fapes, fundação responsável pela aposentadoria dos funcionários do BNDES.

O órgão produziu uma nota técnica sobre as transações com os fundos de pensão e a enviou em 1º de outubro ao MPF, que instaurou a investigação no dia seguinte.

Conforme o documento, obtido pela Folha, a BR Educacional Gestora de Ativos, de Paulo Guedes, lançou em 2009 dois fundos de investimento que receberam, em seis anos, R$ 1 bilhão das entidades de previdência de estatais.

Um deles, o Fundo de Investimento em Participações (FIP) BR Educacional, obteve R$ 400 milhões entre 2009 e 2013 para empreendimentos na área de educação. A suspeita é de que o negócio tenha sido aprovado sem análise adequada e gerado ganhos excessivos a Guedes.

A Previc apontou irregularidades nos investimentos feitos, por meio de um dos projetos do FIP, nas empresas HSM Educacional e do Brasil entre 2009 e 2013. Elas são voltadas à realização de eventos e palestras para executivos e estudantes. No período, segundo o órgão, registraram sucessivas perdas.

O economista negou ter causado prejuízos aos fundos de pensão. “Cumpre esclarecer que o FIP BR Educacional não trouxe qualquer prejuízo aos fundos de pensão. Ao contrário. Ele apresentou retorno substancialmente acima do objetivo estabelecido no regulamento firmado entre os cotistas”, sustenta a nota, assinada pelos advogados Ticiano Figueiredo e Pedro Ivo Velloso.

A defesa alegou ainda que não houve, ao longo da operação, “qualquer conduta antiética ou irregular por parte de Paulo Guedes, cuja reputação jamais foi questionada e é amplamente reconhecida no Brasil e no exterior”.

Os advogados acrescentaram que vão apresentar toda a documentação que “comprova a lisura das operações” e “esclarecer quaisquer dúvidas das autoridades competentes”.

A Gaec Educação que assumiu o controle da HSM em março de 2013, período posterior aos fatos analisados pela auditoria – informou nesta quarta que Guedes não exerce qualquer cargo ou função nas empresas desde 22 de outubro de 2014.

Em nota, afirmou que o FIP deixou de ter participação na Gaec em 27 de maio de 2015 e que o investimento feito “chegou a ter valorização de 300%”.

A Gaec contestou dados da Previc e afirmou que Guedes “nunca foi sócio e controlador da HSM”.

A empresa acrescentou que a HSM promove o maior evento de educação corporativa da América Latina e que todas as palestras “são divulgadas de forma ampla e pública, sendo contratadas em consonância com parâmetros adotados pelos referidos palestrantes em nível internacional”.

Da FSP.