Votação expressiva torna Haddad líder da oposição
O PT sai do processo eleitoral com a maior bancada da Câmara e um saldo de 47 milhões de votos em Fernando Haddad. Segundo lugar na disputa presidencial, Haddad conseguiu angariar o apoio do partido, que tradicionalmente é dividido em diferentes alas de pensamento.
A tendência é que ele naturalmente assuma o papel de líder no comando da legenda, mas não só.
— Vamos ter que avaliar todos os erros que cometemos antes e durante a campanha. Mas o Haddad teve 47 milhões de votos e não é todo mundo que tem isso. Ele, se tiver disposição, pode liderar esse processo de oposição que o PT vai ter que construir a partir de agora. Ele foi bem na campanha, manteve o PT unido, fez um trabalho de coesão no partido. Acho que ele teve uma liderança natural. Não vejo como isso se contestado dentro do partido — diz o deputado Carlos Zarrattini, ex-líder do PT na Câmara.
Depois da larga vitória do PT na Bahia, Jaques Wagner chega ao Senado, em 2019, como principal nome para liderar o partido no Parlamento. Jaques pregou na pré-campanha que o partido abrisse mão da cabeça de chapa em prol de Ciro Gomes, do PDT.
Ao assumir a coordenação da campanha de Haddad no segundo turno, Jaques Wagner já advogou por uma versão petista mais moderada.
Alberto Cantalice, um dos vice-presidentes do PT, acha que Haddad “deve liderar a oposição”. O vice-presidente defendeu ainda a criação de uma frente democrática que não se torne “uma mera frente das esquerdas”.
“Tem que ser maior do que os partidos, envolvendo figuras das mais variadas configurações políticas e sociais e que tenham como meta a continuidade da democracia no Brasil”, disse.
Líder da minoria no Senado, Humberto Costa (PT-PE) ressalta que o PT perdeu para Bolsonaro, mas mantém grande capital político. Entre as grandes legendas, de fato foi a única a preservar o topo no ranking em tamanho de bancada eleita na Câmara, onde lidera com 56 deputados.