Bolsonarista racista tem expulsão do Mackenzie anulada pela justiça
A Justiça Federal de São Paulo mandou a Universidade Presbiteriana Mackenzie aceitar o estudante de Direito Pedro Baleotti, 25 anos, de volta nesta segunda-feira (21/1), de acordo com o Coletivo AfroMack, que acompanhava o caso. O rapaz foi expulso da faculdade no dia 12 de dezembro de 2018, depois que vídeos gravados por ele mesmo com falas racistas viralizaram nas redes sociais. As publicações foram feitas logo após o segundo turno das eleições e, nelas, o aluno aparecia usando uma camiseta do presidente recém-eleito Jair Bolsonao (PSL) e posava com uma arma, dizendo que estava indo votar no capitão reformado. Na sequência, em outra gravação, ele ameaçava “matar a negraiada”.
A reportagem havia confirmado a expulsão do aluno, mas, um mandado de segurança protocolado ainda no dia 19 de dezembro de 2018 pedia a anulação da punição. A juíza Federal Sílvia Figueiredo Marques concedeu a liminar solicitada pelo advogado Norman Prochet Neto, que decretou a suspensão da “decisão de desligamento do impetrante”, segundo a Justiça Federal da 3 Região, em São Paulo. O argumento é de que o Mackenzie não respeitou o Código de Decoro Acadêmico da Universidade, que aponta que “a Comissão Sindicante deveria ser formada por cinco membros, sendo três professores, um membro do corpo técnico administrativo e o Corregedor Disciplinar Universitário, o que não ocorreu”. Para a juíza, a suspensão foi uma medida correta, porém a expulsão extrapolou o estatuto interno.
O Coletivo AfroMack anunciou, com “profunda consternação” que o aluno Pedro Baleotti poderá voltar à frequentar o campus da Universidade Presbiteriana Mackenzie. O coletivo afirmou que lamenta profundamente a decisão e que ela fere o senso de justiça. “Mais uma vez eles [racistas] ganham, mais uma vez eles passam. O medo é voltar para a faculdade. Quem é que vai nos defender?”, questionou uma estudante do coletivo que não quis se identificar.
Ainda que o Mackenzie possa recorrer, Pedro Baleotti pode fazer a matrícula e frequentar as aulas enquanto nenhuma nova decisão for tomada. Para a jovem militante do AfroMack, é “uma vergonha que alguém com esse tipo de pensamento possa ser advogado, já que ele ameaça vidas negras”. O advogado Norman Prochet foi questionado pela reportagem sobre a decisão e, até o momento, optou por não se manifestar. “Por enquanto não comentaremos o mandado de segurança e a liminar concedida. Como esclarecido anteriormente, a situação está se resolvendo pelas vias ordinárias”, escreveu em nota. A assessoria da Universidade Presbiteriana Mackenzie também foi procurada pela reportagem e respondeu simplesmente “que vão apurar o caso”.