‘Eles disseram que a sirene ia tocar, mas não tocou’, diz vítima da Vale

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Uma operadora de máquina de uma fábrica de alimentos localizada em Brumadinho, na Grande BH, afirmou, nesta tarde, que  nenhum sinal sonoro foi emitido alertando sobre o rompimento da barragem na região. Segundo Maria Aparecida dos Santos, um treinamento teria sido realizado avisando, dentre outras coisas, de que uma sirene seria tocada em situações como a dessa sexta-feira (25).

“Eles fizeram uma reunião com a gente, ensinando a socorrer quando acontecesse um rompimento. Disseram que iam ligar a sirene para todos os moradores saírem correndo e se prevenir. Mas não fizeram isso. Só estou viva aqui graças a Deus”, relata a mulher, que saiu de casa, às pressas, acompanhada pela filha.

O uso de sirenes é comum na mineração para alertar sobre a detonação de explosivos dentro das minas. Mecanismo parecido é utilizado em barragens como sinal de alerta para risco de rompimento. Em casos de ameaça iminente, soar a sirene seria a providência mais importante dos planos de ação emergencial, previstos pela Lei de Segurança de Barragens. A medida inclui ainda treinamento de funcionários das minas e um plano completo de desocupação da população local.

Maria Aparecida dos Santos conta que, por volta de 12h, deixou a fábrica onde trabalha moendo milho, para ir em casa almoçar. Enquanto cozinhava, teria ouvido um barulho “esquisito”, mas não identificado por ela. “Quando vi, já vinha a poeira descendo. Foi quando o pontilhão estourou (linha férra que desabou, após o rompimento da barragem). Gritei Ana Clara (a filha) para pegar o celular que estava carregando, agarrei o braço dela e saímos correndo”, detalha.

Conforme a operadora de máquina que foi atingida por lama nas costas, mas não ficou ferida, a sensação é de “viver um inferno”. “Se pudesse já teria ido embora desse lugar. Isso aqui, a partir de hoje, vai ser um inferno”, lamenta.

Confira relato na íntegra:

Leia nota da Vale:

“A Vale informa que, no início desta tarde, ocorreu o rompimento da Barragem 1 da Mina Feijão, em Brumadinho (MG). A companhia lamenta profundamente o acidente e está empenhando todos os esforços no socorro e apoio aos atingidos.

Havia empregados na área administrativa, que foi atingida pelos rejeitos, indicando a possibilidade, ainda não confirmada, de vítimas. Parte da comunidade da Vila Ferteco também foi atingida.

O resgate e os atendimentos aos feridos estão sendo realizados no local pelo Corpo de Bombeiros e pela Defesa Civil. Ainda não há confirmação sobre a causa do acidente.

A prioridade máxima da empresa, neste momento, é apoiar nos resgates para ajudar a preservar e proteger a vida de empregados, próprios e terceiros, e das comunidades locais”.

Do Hoje em Dia