Em mais um discurso sem sentido, MEC irá “combater marxismo cultural”

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Ao tomar posse como ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez exaltou em discurso a família, igreja e valores tradicionais e disse que a pasta vai “combater com denodo marxismo cultural” na educação.

Falou ainda do orgulho de ter em sua equipe pessoas influenciadas pelos escritores Olavo de Carvalho, guru da direita e quem o indicou a Bolsonaro, e Antonio Paim. Não citou nenhum educador.

Na cerimônia, ocorrida na tarde desta quarta-feira (2), Rodriguez disse que o MEC vai priorizar a educação básica, sobretudo a alfabetização, mas não deu detalhes sobre como fazer isso —a não ser ao investir no argumento de que a suposta ideologização de esquerda seria a raiz dos problemas da área. Apesar de acusar professores de doutrinação, disse que o governo vai trabalhar pela valorização dos professores.

​​Rodríguez fez um discurso bastante político. Rasgou elogios ao presidente Jair Bolsonaro, criticou o que ele chamou de lulopetismo e casos de corrupção nos governos do PT.

“[Bolsonaro] prestou atenção em pais e mães reprimidos pela retórica marxista que tomou conta do espaço educacional”, disse, ao lado do agora ex-ministro Rossieli Soares.

O novo ministro também criticou o que ele chama de “ideologia de gênero”, termo nunca usado por educadores, além de atribuir a uma onda global a destruição de valores. Disse que o país não pode admitir que agências internacionais influenciem agendas (igualdade de gênero é uma das metas do milênio da ONU, por exemplo).

“A agressiva promoção da ideologia de gênero somou-se à temática de derrubar nossas mais claras tradições”, disse.

“Essa tresloucada onda globalista, tomando carona no pensamento gramsciano (…), passou a destruir um a um os valores culturais em que se assentam nossas tradições mais caras: a família, a igreja, a escola o estado e a pátria, numa clara tentativa de sufocar os valores fundantes da nossa vida social.”

Após o fim da posse, o ministro também não detalhou como sera o combate a essa suposta doutrinação.

Sobre ensino superior, Rodriguez disse que vai cobrar mais qualidade das faculdades particulares. E que o MEC vai ser vigilante com empresas educacionais que contam com fundos estrangeiros de investimento.

Rodriguez repercutiu ainda o esvaziamento da pasta do MEC que cuidava de diversidade, como a Folha revelou. Ao longo da posse, sua equipe insistia que não havia esvaziamento das ações de diversidade. Mas a versão foi alterada após o próprio Bolsonaro publicar no Twiiter a ideia era essa mesmo.

“Desmonte significa acabar com algo que estava muito limitado e manipulado ideologicamente por algo que não visa a ideologia.”

Da FSP