Kim Kataguiri diz que governo tem errado e por isso MBL tem feito críticas
Candidato à presidência da Câmara, o futuro parlamentar diz que tem buscado apoio entre os colegas individualmente para sua eleição e critica o modelo de negociação feito com base apenas na oferta de posições importantes em comissões e na mesa diretora da Casa.
Kataguiri nega que o MBL tenha adotado uma postura mais crítica a Bolsonaro e avalia que a falta de diálogo interno é o que tem provocado essa série de desgastes e recuos dos primeiros dias do governo. Para o jovem político, a esquerda está mais viva e atuante do que se pensa e terá a capacidade de fazer uma oposição que possa comprometer a governabilidade. Já em relação à direita, ele vê como natural que haja divisões internas. Kataguiri afirma que o debate em torno da Previdência é, sem dúvida, o assunto do ano. “Qualquer discurso contrário a esse, é demagogia.”
Algumas declarações de Kim Kataguiri:
“O meu mandato é independente. Eu me elegi com as propostas, com a plataforma do Movimento Brasil Livre (MBL), assim como outros candidatos se elegerem por outros partidos. E o próprio DEM já sabia disso desde o início. Essa independência já foi conversada mesmo antes da minha filiação. Tenho completa independência para lançar minha candidatura.”
“Tenho conversado individualmente com os partidos, feito de uma maneira diferente do que, por exemplo, Fábio Ramalho e Rodrigo Maia, que conversam com as lideranças partidárias. Acho que a negociação com as lideranças não garantem o apoio de todos o partido político. Um dos exemplo mais significativos é que tem muita gente dentro do próprio PSL, muitos parlamentares incomodados, com o apoio que foi dado pela liderança do partido à candidatura de Rodrigo Maia e que, no final das contas, não vão votar nele.”
“O que eu vejo são mais negociações internas, em relação a espaço na mesa diretora e de comissões, do que qualquer tipo de interlocução com a sociedade. Não só na candidatura de Rodrigo Maia, mas em outras como a de Fábio Ramalho, outro nome forte cotado para comandar a Casa.”
“Falta diálogo dentro do próprio governo, falta delimitar até onde cada ministro pode falar na sua determinada área, quais são as visões do governo sobre os temas macro, quais são os temas micro sobre os quais os ministros podem ou não podem se manifestar. Isso não se trata de podar a liberdade dos ministros mas, sim, de ter uma coerência no governo, principalmente do ponto de vista de comunicação e de interlocução com o Congresso Nacional. Se você dá sinais confusos, a base aliada não sabe o que defender e a oposição tem material de sobra para bater.”
“Postura do MBL é a mesma e vai continuar sendo a mesma: quando o governo acerta, a gente elogia, e quando o governo erra, a gente critica. Ultimamente tem saído na imprensa de que o MBL tenha adotado uma postura mais crítica, mas não é nossa postura que ficou mais crítica, é o governo que tem errado mais.”
“Acho natural que você tenha divisões internas na direita, desde que essas divisões sejam baseadas em princípios ideológicos e não em picuinha ou fisiologismo.”
“Reforma da Previdência é o debate deste ano, sem esse debate e sem a aprovação de uma reforma fica absolutamente inviável discutir propostas para saúde, educação e segurança pública porque não tem como fazer política pública sem dinheiro. Qualquer discurso contrário a esse, é demagogia.”
“É um erro brutal pensar que a esquerda está morta. Esquerda está muito viva, muito forte e muito atuante. Você tem um bloco parlamentar de oposição que é maior que o próprio PT, que é formado pelo PDT, pelo PC do B e pelo PSB.”
Do Estadão