Líderes cristãos palestinos defendem que mudança de embaixada ameaça o povo cristão

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Quando o presidente Jair Bolsonaro acena para setores evangélicos e diz que poderá mudar a embaixada em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, coloca em risco o próprio povo cristão.

Com esse argumento, líderes cristãos palestinos esperam sensibilizar autoridades e políticos brasileiros, com a vinda de uma delegação para o Brasil.

Com lideranças católicas e evangélicas, as agendas começam nesta sexta (25) e se estendem até a semana que vem, em São Paulo, Rio e Brasília.

“A mudança de embaixadas e a declaração que Jerusalém pertence apenas a um grupo de pessoas é uma violação de tratados e direitos humanos. E transforma 300 mil palestinos em cidadãos de segunda classe, ou alguém que sequer teria o direito de existir”, diz à Folha o reverendo Jack Sara, que preside a Bethlehem Bible College, universidade evangélica fundada há 30 anos na cidade palestina de Belém.

Parte do grupo que vem ao Brasil endossou uma carta divulgada em dezembro pela Aliança Evangélica Brasileira.

Após pedir uma “oração por Jair Bolsonaro”, os signatários dizem se sentir “profundamente preocupados pelos pronunciamentos feitos recentemente” pelo presidente sobre a possível mudança da embaixada para Jerusalém, movimento concretizado por apenas dois países no mundo: EUA e Guatemala.

“Tal mudança não apenas configuraria uma violação das leis internacionais, mas também minaria qualquer possibilidade de se alcançar uma paz justa, baseada nas intermediações e resoluções das Nações Unidas. Isso aumentaria a tensão em toda a região”, diz o texto.

E os efeitos colaterais, segundo o grupo, podem respingar em cristãos. “Esta medida representaria uma séria ameaça à nossa existência como comunidade cristã em Jerusalém e na Terra Santa, já que promoveria uma identidade exclusiva para a cidade. É impossível superestimar a importância deste assunto para nós.”

Em artigo para o jornal The Christian Post, o reverendo Sara escreveu em nome dos palestinos evangélicos: “Não temos vergonha de sermos palestinos, mesmo que nossa existência seja um aborrecimento escatológico para alguns, mesmo que irmãos tentem negar nossa história”.

O grupo estrangeiro será ciceroneado no país pelo pastor presbiteriano Jorge Henrique Barro, da Aliança Evangélica Brasileira.

Outros integrantes da comitiva: o reitor da Basílica da Anunciação (Nazaré), padre Bruno Varriano, e o fundador da Dar al-Kalima University College of Arts and Culture, o teólogo Mitri Raheb.

Segundo Barro, a delegação vem para mostrar “um outro lado da história”, uma contraposição aos evangélicos que pleiteiam a presença do corpo diplomático em Jerusalém —movidos em parte pela crença no fim do mundo e o papel biblicamente reservado a Israel no Apocalipse.

Da FSP