Lutar com os indígenas é lutar por nós mesmos e pela Humanidade

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Leia o texto de Luiz Carlos Azenha:

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Lutar por todos

Um dia eu estava no que viria a ser a TI Raposa Serra do Sol, em Roraima, gravando um documentário sobre a disputa entre arrozeiros e indígenas — que acabou finalista do Prêmio Esso de Telejornalismo.

Num intervalo de gravação, fiquei observando um grupo de indígenas de diferentes origens e etnias conversando, ao lado de uma horta.

Fiquei curiosíssimo e depois fui perguntar ao guia: como é que eles se comunicam?

Ah, inventam uma língua franca, vão juntando cacos daqui e dali. Sabem que dependem da unidade e de esquecer qualquer desavença histórica que porventura exista entre seus grupos, foi o que ele disse — mais ou menos.

E ali fiquei eu, parado, observando aqueles jovens, cada qual de um pedaço da Amazônia, com pinturas ou traços distintos, estudantes de uma espécie de universidade indígena.

Achei a coisa mais linda do mundo o Brasil ainda ter aquela riqueza humana, coisa que eu mesmo, já repórter há muitos anos, nunca tinha visto de perto na mesma cena: o Jabuti com o Tukuna e o Waimiri-Atroari com o Kanoê, tudo junto e misturado (temos 300 etnias, 270 idiomas).

Sempre acreditei que a melhor bolsa que um governo brasileiro poderia dar a um cidadão seria mandá-lo passar algumas semanas na Amazônia, só para aprender mesmo, para se dar conta de que não está sozinho no mundo e de que sua [a dos brancos] sobrevivência física depende daqueles que estão lá, cuidando da sabedoria acumulada na floresta.

Mas, agora, querem mandar para lá tratores, sementes transgênicas e agrotóxico.

Lutar com os indígenas, não apenas pelos indígenas, é lutar por nós mesmos e pela Humanidade.

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